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... etorcendo as mãos.
Marc observava a mudança de emoções no rosto dela, a sombra de preocupação nos olhos e as marcas de ansiedade na testa. Pensara nela durante todo o tempo em que estivera fora, imaginando como seria dormir com ela, sentir seus cabelos loiros espalhados sobre o peito, as pernas entrelaças às dele, os corpos saciados. Era como se, sabendo que lhe era proibida, seu corpo a desejasse ardentemente.
Precisava odiá-la para mantê-la afastada, mas, apesar de seus esforços, o ódio estava sendo substituído por algo muito mais perigoso.
— É como se meu irmão estivesse falando de alguém completamente diferente. Nada parece se encaixar.
Nina não sabia o que responder. Pensou em dar uma das respostas típicas de Nadia, mas não conseguiu formular nada.
— Não tem nada a dizer, Nina? — Marc perguntou depois de um longo silêncio.
Ela ergueu a cabeça, considerando que a melhor saída seria mudar de assunto.
— Você queria falar sobre a viagem. Quando partimos?
— No dia seguinte à cerimônia. Lúcia fará suas malas. Ela nos acompanhará para ajudar com Geórgia. — Pegou a xícara abandonada e a encheu novamente de café. — Acho melhor avisar que meu pai não a receberá de braços abertos. É um homem doente que ainda está de luto. Tentarei protegê-la de qualquer ofensa, mas não posso garantir que as coisas serão fáceis.
— Compreendo.
— A cerimônia será amanhã às dez. Será algo discreto, como convém às circunstâncias.
Marc observou Nina se aproximar da porta, como se quisesse sair logo da presença dele. Pensou em chamá-la, mas desistiu. Já estava andando numa corda bamba e não demoraria a cair.


CAPÍTULO NOVE

Marc estava ao pé da escada quando Nina desceu vestida como uma autêntica noiva. Ela o encarou com ar de desafio ao descer os últimos degraus.
— Você está ótima — ele ironizou. — Vai a algum evento especial?
Ela puxou a cauda do vestido ao passar por ele.
— Não, só quis vestir algo mais formal.
Marc franziu a testa. Ela estava absolutamente maravilhosa, como uma verdadeira noiva deveria ser. Mas por que se vestira assim?
Meia hora depois, enquanto a breve cerimônia era realizada, Nina estava em completo silêncio ao lado de Marc.
— Pode beijar a noiva.
Ela arregalou os olhos, as palmas das mãos suadas de nervosismo quando Marc se virou para erguer o véu de seu rosto.
— Acho que. — Seu tímido protesto foi vencido pela boca de Marc.
Fechou os olhos e tentou não corresponder à pressão dos lábios dele, mas era impossível ignorar o calor daquele contato.
Sentiu algo inundar seu corpo, mas antes que pudesse identificar o que fosse, Marc afastou a cabeça.
Nina se voltou para o sacerdote, que sorria com indulgente aprovação.
Agora estava casada com Marc Marcello.
A recepção não passou de um breve almoço com alguns colegas de Marc. Tão logo o almoço terminou, Nina vestiu uma das roupas da irmã, um vestido de seda que moldava o corpo. Parou diante do espelho do banheiro e tentou arrumar o decote para que não ficasse tão revelador, tentando ignorar a óbvia inquietação em seus olhos.
Depois da saída do último convidado, Nina foi conduzida até o carro, onde Geórgia já estava acomodada no assento de bebê.
Marc as levou de volta para casa, parecendo satisfeito por não ter que conversar durante o trajeto.
Nina aproveitou o tempo para recolocar a cabeça no lugar, lembrando-se que seria esposa dele apenas no nome. Mas quando pensou no beijo, seu estômago pareceu dar uma cambalhota.
— Dei o resto do dia de folga para Lúcia — Marc disse ao estacionar em frente à casa. — Ela nos deixou o jantar preparado.
Nina nunca se sentira tão sem apetite na vida. Só de pensar que estaria sozinha com ele naquela casa imensa, contando apenas com a companhia da pequenina sobrinha, ficava terrivelmente incomodada.
— Geórgia precisa comer e trocar de fralda — disse quando chegaram à porta da casa.
Marc entrou logo atrás de Nina, que segurava Geórgia feito um escudo.
— Tenho que fazer algumas ligações. Se precisar de ajuda, basta chamar. Estarei no escritório.
Ela estava dando de comer à sobrinha quando Marc apareceu na cozinha. Viu que ele trocara o terno por um jeans e uma camiseta que evidenciava sua soberba forma física. Nina desviou o olhar e se concentrou em Geórgia.
— Quer que eu fique com ela para que se troque antes do jantar? — ele perguntou.
— Não, já estou terminando. Ela não parece muito interessada na comida mesmo. — Nina largou a colher e pegou um pano para limpar o balcão.
— Ela parece cansada — Marc observou quando Geórgia começou a esfregar os olhos.
— Sim. — Nina apertava o pano entre as mãos, baixando a cabeça para evitar o olhar dele.
— Nina.
Ela recomeçou a esfregar a sujeira.
— Acho que não vou jantar, se não se importa. — Largou o pano dentro da pia e foi tirar Geórgia do cadeirão.
Antes que ela pegasse a menina, Marc lhe segurou a mão.
Nina puxou a mão e esticou o corpo. Mesmo assim, ele a sobrepujava em tamanho.
— Mesmo que não queira comer, eu gostaria de discutir algumas coisas.
— Q-que tipo de coisas?
— Regras básicas. Viver na mesma casa significa que teremos que compartilhar de certo grau de intimidade. Não quero que tenha idéias erradas.
Nina ergueu o queixo, injetando sarcasmo na voz.
— Quem precisa ser lembrado quanto aos termos do nosso acordo? Eu ou você?
Um nervo começou a saltar ao lado da boca de Marc, como se ele tentasse se manter civilizado.
— Pelo que meu irmão disse, parece que você não costuma seguir regras.
— Já que está falando de quebra de regras, acho que aquele beijo foi pouco apropriado à cerimônia.
O olhar dele se tornou mais duro.
— Será necessário manter as aparências às vezes.
— O que quer dizer?
— Teremos de comparecer a eventos sociais de vez em quando e, sendo minha esposa, seria conveniente ...

Romance Proibido Onde as histórias ganham vida. Descobre agora