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... emos a ganhar. Você fica com Geórgia e eu recebo uma renda regular do seu marido ricaço.
Nina entrou em pânico.
— Nadia, não faça isso comigo. Não posso casar com um homem que odeia o próprio ar que eu respiro!
— Ele não te odeia, odeia a mim — Nadia apontou. — De qualquer forma, talvez ele comece a gostar de você quando a conhecer melhor. Mas você precisaria usar um pouco de maquiagem e vestir outra coisa que não seja um agasalho disforme.
— Não tenho como pagar pelos retalhos de pano que você costuma usar — Nina debochou.
— Ora, Nina. Pense bem. É uma chance única. Você sempre quis casar e ter filhos. Do que está reclamando?
— Eu gostaria de escolher o noivo, é disso que estou reclamando! E eu queria um casamento na igreja, não um arranjo obscuro no cartório.
— Você é uma romântica incorrigível. Acha que um casamento dura mais se for realizado na igreja? Ora. Acorde para o mundo real, Nina. Casar com um bilionário deveria compensar o vestido e a bênção do padre.
— Mas não compensa. Quero mais da vida do que um marido rico.
— Você poderia passar o resto da vida procurando amor e, a exemplo de nossa mãe, jamais encontrar. Seu eu fosse você, agarraria esta chance com as duas mãos.
— Mas eu não sou você, sou? — Nina retrucou com frieza.
— Não. — Havia um tom de divertimento na voz de Nadia. — Mas Marc Marcello não sabe disso, sabe?

CAPÍTULO QUATRO

No dia seguinte, Nina ligou para a biblioteca dizendo estar doente para que pudesse arranjar uma creche para Geórgia. Como não possuía carro, estava limitada a uma creche particular cujas taxas eram extorsivas.
Não teve notícias de Marc nos dois dias seguintes. Tudo parecia tão irreal que Nina às vezes se perguntava se não tinha imaginado coisas. Contudo, no terceiro dia, ela recebeu uma carta informando que a cerimônia de casamento seria realizada em 15 de julho.
Sentiu um calafrio. Parecia não haver saída. Teria de casar com Marc para ficar com Geórgia.
Ficava aterrorizada só de pensar que teria de fingir ser a irmã por meses, talvez anos, mas não tinha alternativa. Incrível que umas poucas palavras ficassem entre ela e sua liberdade. Se dissesse: "Não sou mãe de Geórgia", não haveria casamento.
Cinco palavras que a deixariam livre, mas que lhe roubariam a sobrinha. para sempre.
Como esperava, Nadia não fizera mais contato. Nina tinha tentado o celular, mas as inúmeras mensagens de texto continuavam sem resposta.
Largou a carta para dar atenção aos choros de Geórgia, evitando pensar que se casaria com um homem que a odiava muito.
Quando voltava à pequena sala de estar com Geórgia no colo, o telefone tocou e Nina correu para atender.
— Nina. — A voz profunda de Marc soou ao seu ouvido. — É Marc.
— Que Marc? — Estava novamente com a personalidade de Nadia, como se ouvir a voz macia ligasse um interruptor às suas costas.
Ouviu Marc respirar fundo e se parabenizou mentalmente por ganhar aquela pequena batalha, mesmo sabendo que o mais provável era Marc ganhar a guerra no fim.
— Tenho certeza de que sua reputação faz com que alguns nomes se repitam em sua lista — ele comentou insolentemente.
— Nem queira saber — ela respondeu.
— Recebeu minha carta?
— Deixe-me ver. — Remexeu a pequena pilha de contas reunidas sobre a mesa apenas para irritá-lo. — Ah, aqui está. É um contrato pré-nupcial, não?
— Pensou que me casaria sem me proteger?
— Isso depende de que tipo de proteção está falando.
— É um acordo comercial, Nina. Nada mais.
— Por mim está tudo bem. Desde que você não volte atrás com suas palavras. Como garantir que posso confiar em você?
Houve um tenso instante de silêncio. Nina o imaginou rangendo os dentes no esforço de manter certa educação.
— Receberá sua mesada assim que estivermos casados, nem um segundo antes — ele afirmou enfim.
— Não confia em mim, Sr. Marcello? — Imitava o jeito da irmã com satisfação. — Está com medo de ser enganado?
— Gostaria muito que tentasse — ele a desafiou. — Acho que não preciso lhe alertar das conseqüências caso isso não passe de fingimento seu.
Nina estremeceu ao pensar na ironia daquela frase. O fingimento já não fizera com que cavasse a própria cova?
— A propósito, já que vamos nos casar em questão de dias, seria inapropriado continuar me chamando pelo sobrenome.
— Marc — ela sussurrou o nome sedutoramente.
— É apelido de Marco?
— Não é apelido. É de origem francesa, como minha mãe.
— Fala francês tão bem quanto italiano?
— Sim, e várias outras línguas.
Nina estava impressionada, mas não admitiria.
— E você? — ele perguntou logo em seguida.
— Eu? — Ela bufou. — De jeito nenhum! Inglês é a língua universal, não entendo por que as pessoas se preocupam em ficar falando outros idiomas.
Nina era razoavelmente fluente tanto em francês quanto em italiano, mas preferiu não revelar. Havia estudado idiomas na escola e na faculdade, adquirindo bom nível de proficiência. Mas agora era conveniente que Marc a considerasse uma completa cabeça-de-vento que não tinha nada melhor a fazer senão se enfeitar para preencher o tempo.
— O advogado virá ao meu escritório para que assinemos o contrato pré-nupcial. Você precisa trazer sua certidão de nascimento para que eu possa dar entrada na licença de casamento. Pode ser amanhã às dez?
O coração de Nina disparou de apreensão. Tinha conseguido se passar pela irmã, mas agora começaria a assinar documentos na presença de um advogado. E se a mandassem para a prisão? O que aconteceria com Geórgia? A sorte era ter dito seu nome verdadeiro porque, sendo a gêmea mais velha, só seu nome aparecia na certidão de nascimento, como era a prática na época. Mas e se vissem a certidão de nascimento de Geórgia? Era o nome de Nadia que estava impresso lá. Como conseguiria explicar aqui ...

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