Capítulo 78

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               Duas semanas depois.

Ouço o som do meu All-Star tocando o asfalto enquanto ando pela rua suja.
O céu acima de mim já está quase completamente escuro. Já consigo ver algumas estrelas e a lua ao longe, escondida por algumas nuvens.

Resolvi sair de casa justamente no horário de pico, o que não ajuda no fato de que estou me sentindo ligeiramente abalada.
Ainda sinto o nó na minha garganta, mas o engulo enquanto desvio de alguns poucos carros que passam por essa região.
Talvez eu devesse chorar todas as lágrimas antes de chegar na casa de Harry.Faz pouco tempo desde que concordamos em levar adiante esse lance de amizade, acho que ainda é cedo para desmoronar em cima dele todos os problemas da minha vida cotidiana.

No entanto, olha onde eu estou novamente, correndo para ele.

Avisto o prédio de Harry ao longe e desacelero um pouco o passo.
Respiro fundo, engulo as lágrimas mais uma vez e tento pôr tudo no lugar certo.
Não quero dizer mais do que devo, não quero me abrir mais do que devo, não quero forçar demais a relação.
Harry sempre foi compreensivo e um bom ouvinte. Definitivamente, foi o único ombro amigo que tive de verdade até hoje. Mas não sinto que seja certo despejar todos os meus problemas nele.

Abro a porta da frente do prédio. Falo rapidamente com o porteiro, e dessa vez ele liga para Harry antes de me deixar subir. Não que isso mude alguma coisa, dessa vez eu não tenho nenhuma carta.Subo as escadas lentamente, fazendo exercícios de respiração e essas coisas que a Dra.Greene têm me ensinado.

Quando chego ao corredor de Harry, vejo-o na porta, já me esperando.
Quando ele me vê sua expressão fica ligeiramente confusa.
Forço um sorriso para ele, mas ele me retribui apenas com um franzir de sobrancelhas.Ele me deixa entrar e só fala depois de fechar a porta:

- Mas que surpresa agradável, Elizabeth.

- Você está lendo "Emma", não está?

Ele apenas sorri de canto e se aproxima. Se aproxima demais, mas no último instante ele desvia do meu corpo e se dirige para o sofá.

- Você não parece estar muito bem.

- Eu...- por que exatamente eu estou aqui mesmo? - briguei com a minha mãe. Precisava sair e esfriar a cabeça. Só isso.

- E escolheu o meu apartamento?

Arqueei a sobrancelha para ele.

- Senta aqui. - ele apontou o lugar ao seu lado no sofá.Me sentei. - Eu só achei meio estranho você aparecer do nada. Não temos nos falado nos últimos dias.

- Eu tenho andado ocupada. - suspirei - As aulas voltaram e eu estou tentando estudar e trabalhar ao mesmo tempo. É cansativo.

- A briga com a sua mãe foi sobre isso?

- Ah, talvez tenha começado por conta da faculdade, mas acabou de um jeito bem ruim. - senti o nó na minha garganta retornar, mas voltei a engoli-lo - Eu não consigo lidar com isso, por isso resolvi vir para cá. Me desculpa por não avisar.

- Não, tudo bem. Eu só não esperava. - a expressão de Harry estava comum, ele está falando sério- Você sabe que pode vir sempre que quiser.

- Obrigada. - sorri para ele.

- Você quer conversar sobre isso e me contar o que aconteceu? - a sua voz soou ligeiramente mais baixa, ou talvez tudo estivesse simplesmente quieto demais ao nosso redor. Até os sons do trânsito de Londres estavam abafados pela janela fechada.

- Você quer ouvir?

- Estou sempre interessado na sua vida agitada. - Harry sorriu e eu bati levemente no seu braço.

Prisoners - h.sWhere stories live. Discover now