Capítulo 3

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- Não acredito que aceitou isso sem discutir. - disse Daisy sem tirar os olhos do computador.

Nós estávamos em uma biblioteca pública, Daisy estava finalizando seu trabalho de química enquanto eu terminava um copo de café com creme.

- O que eu poderia fazer ? - questionei - O garoto provavelmente é filho da melhor amiga dela, pelo visto da vida toda e ela contou uma história triste sobre divórcio.

- Então o garoto apanhava?

- Não sei e não quero saber.

Daisy arrumou o óculos de armação quadrada no nariz, incomodada.

- Isso é maldade. - Eu percebi, porém tarde demais

- Não quis dizer assim, eu quis dizer que... ah você sabe que não sei lidar com esse tipo de coisa.

- O pirralho vai ficar bem.

- Espero que sim. - bebi mais um gole de café.

- Mas porque ele precisa de um quarto só para ele mesmo?

- Não sei.

- Por acaso sua mãe sabe que você está tentando entrar em uma faculdade? Você não tem tempo para bancar a babá.

- Não vou ser babá. E a casa é dela, Day.

- Ah, por favor! - Daisy finalmente olhou para mim, seus olhos castanhos levemente irritados - Você ainda é menor de idade, ela tem que cuidar de você, sua idiota.

Eu queria dizer que não precisava que minha mãe cuidasse de mim, só queria um pouco de privacidade mas fiquei quieta.

- A pior parte vai ser voltar a dividir o quarto.

- Qual é, nem era assim tão ruim.

- Ah vai ser pior agora que a Beatrice é uma pré adolescente com os nervos á flor da pele - ela bufou para a tela do computador - Mais chata do que nunca.

*

No sábado minha mãe tirou todo mundo cedo da cama. Estava eufórica logo de manhã e fez questão de acordar um por um.
Iríamos recepcionar nosso convidado da melhor maneira; juntos como uma família feliz e unida.

Beatrice e eu nos arrumamos juntas, arrumamos o cabelo e as sombrancelhas uma da outra.
Apesar de só ter treze anos, Beatrice também gosta de estar sempre arrumada.

Lá embaixo meu pai não parava de bufar, estava claro que ele detesta isso tanto quanto eu. Ambos somos bastante anti-sociais e isso é, provavelmente, a única coisa que temos em comum além do formato do nariz.

- Porque eu preciso estar aqui, Lydia? - ele perguntou - Você e as meninas não bastam?

- John. - minha mãe disse com firmeza. Com apenas um olhar ela fez com que ele parasse de reclamar e aceitasse o fato de que ele estaria ali para receber o garoto querendo ou não.

Meu pai é um homem baixo, sua pele é ligeiramente mais morena e os seus cabelos são pretos e grossos, essas características vem da descendência latina dos seus avós paternos.
Mas a sua personalidade é muito quieta e discreta, além de ser um homem pouco paciente, o que definitivamente não combina com o seu vício em álcool.

Tomamos café em silêncio, e depois nos sentamos para esperar nosso visitante.

Duas horas se passaram e nada aconteceu, nem ninguém apareceu.
Já estávamos todos entediados na sala, meu pai estava na sua poltrona velha assistindo o vt de um jogo de futebol. Em uma extremidade do sofá Beatrice fazia as unhas e na outra eu adiantava a lição de casa.

Em certo momento eu cansei de esperar, tirei os All Stars e fiz um coque no meu volumoso, mas perfeitamente escovados, cabelo.

Enquanto isso minha mãe não conseguia parar nem por um segundo, ela andava para lá e para cá com a mão na cintura e tirava a poeira inexistente dos móveis.
Eu não esperava qualquer outra reação vinda dela, é a primeira vez que ela hospeda alguém que não seja os meus irmãos mais velhos, o que também me leva a acreditar que a mãe do garoto é realmente uma amiga muito importante.

- Acalme- se Lydia. - meu pai disse.

No instante seguinte,a campainha tocou e os olhos da minha mãe quase saltaram para fora, ela arrumou o cabelo e correu para a porta.

- Sejam gentis. - falou, olhando para nós.

Ela abriu a porta, e nós nos levantamos. Eu estava apenas com meias nos pés, mas não parecia importante estar calçada.

- Lydia!- uma voz feminina gritou e uma mulher de cabelos castanhos escuros abraçou minha mãe.

- Anne! Senti tanto sua falta! - minha mãe guinchou, abraçando a mulher com força.

Com certeza eu não sou a única embaraçada com essa demonstração pública de afeto. Minha mãe é muito reservada e nem sequer nos abraça dessa forma. Acho que todos se sentiram sobrando como eu, inclusive o rapaz alto parado na ombreira da porta com duas malas nas mãos. Parecia perdido.

Filho mais velho ou namorado?

Continuava a espera do pestinha que ficaria conosco, por sabe se lá quanto tempo.
As mulheres finalmente se separaram, e Anne, se ouvi bem, veio nos cumprimentar.

- Feche a porta, Harry. - ela disse ao rapaz e em seguida cumprimentou meu pai com um aperto de mãos.

- Venha. Pode entrar, querido - minha mãe disse ao rapaz alto.

E então eu entendi.

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Prisoners - h.sWhere stories live. Discover now