Capítulo 35

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- Obrigada Alice! - exclamei enquanto saímos da loja Rock n' Roll Instruments - Eu prometo que te pago assim que der...

- Não se preocupe com isso! - Alice respondeu - O que eu quero saber é, porque exatamente você comprou um presente para ele? Você não compra presentes nem para os nossos pais.

- Nem para suas irmãs! - resmungou Beatrice, mas esta parecia muito mais interessada em observar ao redor do que na história do violão. Seus olhos rondavam todas as lojas e as decorações natalinas no shopping.

Eu compraria presentes para todos se pudesse!

- Eu.. sei lá.. eu vi o violão e... só achei que ele fosse gostar. - dei de ombros. De certa forma é verdade, mas estou escondendo o significado maior por trás do presente. Isso é algo que não posso contar.

- Por que eu não acredito em você?

- Porque você é maliciosa.

- Haha. - Alice resmungou - Olha, eu sei que vocês se gostam. Dá pra ver pela forma como você olha para ele, como ele olha pra você e, principalmente, como a mamãe olha para vocês dois. - eu ri, essa parte não da pra negar - Mas eu sei que você sempre foi discreta.

Dizer que sou discreta é um tanto forçado. Para ser sincera, nunca tive que esconder nada, além de mim mesma.

- É... olha, eles estão ali. - apontei para os dois homens altos vindo em nossa direção. - Não falem sobre isso perto dele... por favor, é surpresa.

Ambas assentiram.
Eu realmente quero que Harry tenha uma surpresa, uma surpresa boa, eu espero.
Por isso pedi á Alice para que mandasse a loja entregar a domícilio. E depois de muita discussão e, bem, suborno, eles concordaram.
Aparentemente, lojas de instrumentos não fazem entregas

Phillipe e Harry se aproximaram de nós com passos longos. Phillipe consegue ser ainda mais alto que Harry.
Cada um tinha uma caneca transparente e fumegante nas mãos, cheia com um líquido caramelo e espumoso.

- Cerveja quente! - Phillipe disse erguendo sua caneca cheia até a metade. - Estão vendendo lá atrás.

Olhei para Harry apenas por um segundo, ele me olhava de volta com uma expressão estranha.Eu imaginei que tivesse algo a ver com a cerveja em suas mãos.
Me lembrei de como ele ficou feliz quando bebeu a primeira dose de vodka naquela noite, como seus olhos brilharam e como ele ficou no melhor humor que eu já tinha visto.
Ele até me beijou. Devia ser mesmo muito forte.

Vício. Ele disse. Ele era viciado em cigarros, então talvez também fosse em álcool.
Um tremor passou por mim quando me lembrei da repulsa que sinto por homens bêbados, mas sorri para ele.
Talvez não fosse um sorriso sincero e tranquilo, mas eu não sou ninguém para julgá-lo, não importa o quanto isso me incomode.

Sua expressão ficou notavelmente mais aliviada, e ele me lançou um sorriso muito largo e bonito, daqueles que fazem suas covinhas saltar.
Me peguei imaginando se ele sorriria assim para mim ao ver o violão.

- Já compraram o que precisavam? - Phillipe perguntou.

- Sim. - a excitação na voz de Alice crescia - Comprei um vestido para minha mãe.

- Ela não vai usar o vestido. - comentou Phillipe.

Começamos a andar em direção á saída/entrada do shopping.
Beatrice permanecia ao meu lado parecendo maravilhada com cada loja por onde passávamos, principalmente as de vestidos e acessórios baratos e demasiado coloridos, (suspeito que ela já tenha um pé em Moda).

Harry se aproximou de mim e imediatamente senti seus dedos se entrelaçarem aos meus.
Parece que ele gosta disso. O toque das nossas mãos, o sentimento de presença e proximidade.
E sinceramente eu também gosto. Acho que nunca me senti tão próxima de alguém dessa forma, e principalmente nunca me senti tão confortável em estar tão próxima de alguém dessa forma.
É bom.

*

Na hora do jantar, Alice me deixou encarregada de fazer uma simples salada.
Na verdade, a minha tarefa era preparar um macarrão com molho branco, mas eu não aceitei o desafio. Não sou boa com nenhum tipo de massa, com exceção de macarrão instântaneo. Este eu faço muito bem.

Então ela me deixou a receita do molho. Que levava vinho branco, creme de leite e esse tipo de coisa que pessoas como eu nem pensam em cozinhar, mas fracassei no ponto dele e então resolvi ajudar na salada de alface e tomate.

Alice já havia terminado o macarrão e subido para tomar um banho antes de pôr a mesa.
O restante dos adultos estavam na sala de estar tomando vinho, (papai já estava começando a ficar alegre). E Beatrice e os meninos estavam assistindo algum filme qualquer na tv de tela plana.

Harry veio atrás de mim depois que Alice subiu, e desde então não parou de debochar da minha falta de técnica na cozinha.
Agradeço a Deus por ele ter aparecido depois da história do molho.

- Quer saber, por que você não vem cortar os tomates, espertão? - perguntei á ele.

- Porque é sua tarefa. - ele respondeu. Estreitei os olhos.

- O que isso quer dizer?

- Que Alice pediu pra você fazer a salada

- Hum... acho bom que seja isso. - murmurei e voltei a pegar a faca. É dificil me concentrar em não cortar os dedos enquanto Harry está tão perto. Não gosto de ser observada, muito menos quando estou fazendo algo em que sou um perfeito desastre.

- Você está estranha...- Harry disse - Está tudo bem ?

- Sim. - me virei para ele - Não estou estranha, Harry.

- Está diferente... distante, não sei. - sua voz rouca soou baixa e eu tinha certeza de que ele estava tão envergonhado quanto eu.

Acho que nenhum de nós dois é bom nessa coisa de se expressar.

- Não estou não, eu só...

Bem, talvez eu estivesse. Mas ficar distante é o melhor a fazer quando a minha mãe está por perto.
Eu não quero confusão. Muito menos quando tem tanta gente por perto, muito menos quando tem a ver com Harry.
Eu morreria de vergonha.

A minha mãe é apenas um dos motivos para eu estar distante. A verdade é que eu tenho meus dias como todo mundo. Dias piores do que o normal.

Tem dias que acordo muito bem, mas acabo por ir dormir de mal humor ou chorando; e tem dias em que acordo muito para baixo,mas acabo por ir dormir satisfeita com a minha vida.

Hoje, por exemplo, acordei achando que teria um dia incrivel e cheio, porque Alice nunca fica parada e nunca me deixa ficar parada, mas acabei ficando muito para baixo depois da compra de vestidos.

Não importa o quanto eu tente deixar para lá, as vezes a realidade bate na cara com muita força.

E pelo menos por agora não me apetece ficar perto de Harry ou de ninguém.
Não me apetece ficar perto dele sabendo que ele nunca vai olhar para mim e me achar bonita, gostosa, sexy ou atraente.
Não me apetece ficar perto de Beatrice quando ela é tão bonita quanto eu gostaria de ser.
Não me apetece ficar perto de Alice e ver como ela é amada por todo mundo e como ela se expressa tão facilmente.
Não me apetece ficar perto da minha mãe desconfiada e do meu pai emburrado.

E eu nunca fui muito boa em fingir ser agradável.

- Só o quê? - Harry indagou.

- Nada. Não sei o que tenho, Harry. - disse sincera, na maioria das vezes não tenho certeza - Acho que estou cansada.

- Isso tem a ver com a cerveja... - Harry começou, mas eu o interrompi.

- Não,nada disso. Relaxa. - forcei um sorriso para ele.

- Então está tudo bem entre nós?

Bem?
Se ter a minha mãe nos vigiando á todo tempo é estar bem, se ter um pequeno ataque de ansiedade toda vez que ele me beija é estar bem, se olhar para ele me faz sentir miseravelmente feia é estar bem, se ser um completo desastre é estar bem, então sim estamos muito bem.

- Sim. Estamos bem, Harry.

* * * * *

#RIPJohannah :(
#StayStrongTomlinsons
#ProudOfLouis

Prisoners - h.sWhere stories live. Discover now