Capítulo 62

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Senti os braços de Harry se apertarem mais a minha volta. Todo o meu corpo estava tremendo de frio e de emoção e lágrimas se misturavam á chuva gelada, enquanto ele acariciava o meu pescoço com a ponta do nariz.

Apertei meus braços ao redor da sua cintura e pude sentir todos os seus ossos, toda a sua pele, toda a textura da sua roupa. Foi como voltar para um lugar muito conhecido.

É inacreditável! É quase como se eu estivesse vivendo um dos meus sonhos mais loucos, como se eu estivesse sonhando agora mesmo. Presa em uma cena de um filme romântico, mas dez vezes mais doloroso.
Doloroso porque tudo isso é muito mais complicado do que um enredo de filme, porque nem todos os problemas tem solução, porque nem tudo pode ser esquecido com um abraço forte.

Senti meu corpo ser direcionado ao chão, o gramado encharcou a minha calça jeans no momento em que a tocou. Harry não me largou nem por um momento, mas ele tirou o seu rosto de trás do meu cabelo e me beijou.
Intensamente. Desesperadamente. Seu corpo estava em cima do meu em uma posição que, agora, não consigo imaginar qual é. Eu imagino que ele esteja agachado ou algo assim.
É difícil pensar nesse tipo de coisa quando a sua boca está envolvendo a minha, quando a sua língua está acariciando os meus lábios de uma maneira nada calma, enquanto as suas mãos longas e geladas estão tocando o meu rosto, enquanto sessões calafrios se espalham pelo meu corpo molhado.
Não consigo pensar racionalmente, e não consigo definir em quantos níveis isso é errado, mas a minha consciência continua ali em forma de lágrimas salgadas.

A respiração quente de Harry bate no meu rosto quando ele se afasta, tomo um momento para respirar, mas não abro os olhos.
Gemo baixinho quando Harry tenta colar nossos lábios novamente e afasto o meu rosto.

- O que foi? - Harry sussurra, muito perto do meu rosto.

Finalmente abro meus olhos. A primeira coisa que vejo são as gotas de água no rosto de Harry, como um close. Seus olhos verdes estão grudados em mim.

- Está frio.

- Oh... Certo! - ele se levanta lentamente e em seguida me oferece a sua mão - Vamos! Precisamos ir para um lugar quente.

- Precisamos? - pergunto antes de me levantar - Acho que preciso ir para casa.

- Liz. Por favor... - sua voz soou suave e baixa por conta do barulho da chuva. Droga, eu estou congelando- Me deixa ao menos te levar para um lugar quente até a chuva passar.

Sem ter o que dizer, eu assinto levemente.
Mais uma vez me vejo sem foco. Os meus olhos estão abertos, mas não consigo ver nada com clareza, como se tudo fosse um borrão. Até Harry.

Olho para ele: pele pálida, lábios roxos por conta do frio e o cabelo grudando nos cantos do rosto. Os mesmo detalhes de antes, mas ainda não parece real. Como ele pode estar aqui ao meu lado novamente? Depois de tanto tempo? Depois que eu perdi todas as minhas esperanças.
Ele olha para mim como se estivesse esperando por alguma coisa, não consigo distinguir o verde dos seus olhos na escuridão.

- Vem. - ele diz e agarra a minha mão.

Viramos a esquina correndo, onde finalmente encontramos telhados de lona para se esconder. Sigo Harry, me escondendo em baixo de lonas em cada oportunidade que tenho, até que ele para em um barzinho, ou talvez seja uma cafeteria 24hrs, daquelas que servem café da manhã, almoço e jantar. É difícil distinguir, mas definitivamente se parece mais com uma cafeteria.

Abrimos a porta da frente e somos recepcionados por um sininho agudo.
Lá dentro todos estão muito quietos, bebendo de seus cafés, comendo fatias de tortas ou apenas se escondendo da chuva.
Torço para que haja alguém tão encharcado quanto nós dois, mas depois de observar melhor, percebo que todos estão muito secos.

Prisoners - h.sOnde as histórias ganham vida. Descobre agora