Capítulo 77

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- Então você está mesmo procurando ajuda. - Harry disse depois que eu terminei de contar sobre a Dra.Greene e as consultas, de uma maneira bem resumida, é claro.

- É, eu disse que iria. - respondi, bebericando a minha xícara de chá gelado.

Estamos no apartamento do Harry.
O lugar está todo aberto, cortinas e janelas, na esperança de arejar um pouco o espaço. A luz alaranjada do fim de tarde cria uma iluminação interessante na sala de estar e tudo parece agradável, até mesmo o ar quente e parado.

O apartamento de Harry é simples e pequeno, mas parece um sonho mesmo assim.A vista da sua janela é incrível. Dá para ver um pouco de Londres e suas construções em miniatura.
E e eu só consigo pensar que acordar todos os dias, olhar pela janela e saber que tem um lugar só seu deve ser uma sensação incrível.

- Para ser sincero, eu não tinha tanta certeza. - a voz de Harry desviou a minha atenção da janela para de volta. o seu rosto - Você sabe, geralmente as pessoas não procuram ajuda para elas mesmas.

- É verdade. - respondi. - Mas acho que realmente quero isso, sabe, melhorar.

- Isso é ótimo, Liz.

Estamos na sua sala de estar, Harrya está no sofá, vestido com shorts e camiseta, enquanto eu estou sentada no chão, tambémcom roupas de verão. Estou virando páginas de algumas revistas velhas de artes que o Harry mantém na sua mesinha de centro e ambos estamos bebendo chá gelado de limão.Parece perfeito. E eu tenho que tentar esquecer de certas coisas para apenas conseguir curtir isso, essa espécie de amizade que estamos tentando cultivar.

Depois que falei com a Dra.Greene, eu tentei pôr as coisas em perspectiva na minha cabeça;Talvez as coisas não devam ser sempre complicadas.
Pessoas podem superar coisas e serem amigas Existem pessoas que conseguem até mesmo depois de trações, por que teria que ser tão difícil para mim?

Este é outro exercício da Dra.Greene; pensar que sou normal como qualquer outra pessoa e que meus problemas não são surreais. E isso tem me ajudado ultimamente. Estar com Harry é bom, mas não posso fingir que a atmosfera não fica pesada ás vezes, não posso fingir que não cometi erros, não posso esquecer que ele vai para o Estados Unidos e que não quero, e não posso, interferir nisso.

As vezes eu analiso a situação e parece bem complicado, mas eu estou tentando levar tudo na boa e apenas aproveitar a companhia de Harry enquanto posso.

- Essas revistas são interessantes.

- É. - Harry fez uma careta engraçada - Encontrei no meio da mobília quando me mudei para cá.

- Como você vai fazer com o apartamento? Quer dizer, você vai vendê-lo quando viajar? - virei mais uma página, nesta havia um pote de tinta vermelha derramando-se na folha completamente branca. Havia respingos para todos os lados, e a imagem dava impressão de real textura à tinta.

- Eu vou mantê-lo. Quero voltar para a Inglaterra sempre que puder e o aluguel não é tão caro. - Harry deu de ombros e bebeu um pouco do seu chá.

- Como você está pagando tudo isso? - levantei o olhar para ele e tentei manter a minha expressão o mais neutra possível, para não parecer que o estou julgando de alguma maneira.

- Tenho a poupança da pensão do meu pai, mas eu também fiz uns trabalhos para ele, sabe, algumas coisas na empresa. - Harry parecia acanhado. As palavras soavam mecânicas, como se dizê-las em voz alta fosse embaraçoso.

- Bem, fico feliz que vocês estejam se dando bem.

- Eu não diria isso. Não sei se um dia vou conseguir esquecer a forma que ele nos tratou antes do divórcio, mas é, ele está tentando. - seu tom de voz mudou um pouco.

Prisoners - h.sOù les histoires vivent. Découvrez maintenant