Prisoners - h.s

Capítulo 4

Harry Styles não é um garotinho traumatizado como eu havia imaginado, mas sim um rapaz crescido e provavelmente mais velho do que eu.

Eu estava tão chocada que nem tive tempo para pensar no que minha mãe tinha dito sobre ele. Será que deixei alguma coisa passar?
Com a descrição da minha mãe tinha certeza de que se tratava de um garoto de, no máximo, nove anos, não de um adulto.

Anne e Harry nos cumprimentaram. Anne abraçou Beatrice e eu, enquanto Harry foi mais formal com apenas apertos de mão.

Harry pousou as malas no chão e em seguida cumprimentou meu pai e Beatrice, depois veio até mim.
Olhei para os meus pés cobertos por meias de bolinhas coloridas e depois para ele.

Sua mão morna engoliu a minha em um aperto não tão firme, e eu quis saber quantos anos ele tem. Parece tão maduro.

Esteticamente Harry é muito parecido com a mãe. Com o mesmo tom de castanho escuro nos cabelos encaracolados e o verde gelado nos olhos. Embora eu não tivesse prestado muito atenção aos detalhes, ele era notavelmente bonito. Se eu não estivesse me sentindo uma criança perto dele, talvez o achasse atraente.
Mas Anne tinha um sorriso muito bonito e largo e Harry ainda não tinha movido um músculo do rosto.

- Oi. - falei com a voz fraca. Outro fato sobre mim é que minha voz sempre perde a força perto de pessoas desconhecidas.

- Oi - ele respondeu baixinho, embora sua voz fosse grossa e rouca o suficiente para ser ouvida pela sala.

Depois ele voltou a ficar ao lado da mãe com as mãos nos bolsos da calça jeans preta e os olhos presos no chão, parecia desconfortável.
Beatrice olhou para mim com as sombrancelhas franzidas.

Beatrice e eu nos sentamos no balcão de café da manhã para que os nossos convidados pudessem se sentar no sofá de três lugares da sala e mamãe foi preparar um chá.

- Então, como estão as coisas? - minha mãe perguntou á Anne enquanto pegava algumas xícaras do armário da cozinha.
Anne deu uma olhada bem perceptível ao filho.

- Estamos bem. - Anne respondeu - E como vocês estão? A última vez que vi Elizabeth, ela tinha apenas dias de vida.

Ela sorriu para mim e eu fiz o meu melhor para retribuir.

- Eu só me lembro de Harry como um garotinho também. - mamãe disse.

Porque eu nunca soube da Anne ou do Harry? De onde a minha mãe os conhece?

- Não conheci Beatrice até hoje, é uma menina linda.

Beatrice abriu um sorriso com dentes tortos para Anne.
Em seguida o silêncio se estabeleceu entre nós, até que Anne decidiu falar novamente.

- Você vai fazer faculdade, querida? - perguntou, olhando em minha direção.

- Sim, se eu tiver sorte.

- Sua mãe me disse que você é muito inteligente, tenho certeza que vai conseguir algo muito bom. - ela sorriu novamente, acho que nunca vi alguém tão sorridente debaixo do nosso teto.

Sim, claro, Beatrice é linda e eu sou a inteligente. Ela já entendeu tudo.

- Harry vai fazer faculdade? - mamãe perguntou.

Anne olhou para Harry e ele desviou o olhar rapidamente. Ele estava tão quieto e tão imóvel em seu lugar no sofá, que qualquer um poderia dizer que ele nem estava ali.

- Ainda não. Não é o melhor momento- Anne respondeu com um sorriso falso. Na verdade é bem fácil diferenciar um sorriso sincero de um sorriso falso no rosto de Anne.

Todos ficamos em silêncio mais uma vez. A tensão entre os dois era palpável.

- Querem chá? - minha mãe perguntou um pouco envergonhada pelas consequências da sua pergunta.

*

Anne ficou em casa até depois do almoço, ela e mamãe não pararam de falar nem por um segundo, o que era bom para mim, para papai e provavelmente para Harry também.

Nos despedimos sem muita intimidade, com abraços rápidos e um aperto de mão entre papai e Anne.
Anne abraçou a minha mãe, e se virou para Harry em seguida.

Eles se olharam por um momento e Anne puxou Harry para seus braços, ele enlaçou os braços musculosos no corpo da mãe. Parecia sincero.
Desviei os olhos, mas senti o meu coração se apertar um pouco. Não gosto de imaginar como seria me despedir da minha mãe, mesmo que fosse por um curto período de tempo.
Anne se afastou secando os olhos.

- Não dê liberdade á ele, Lydia - ela pediu - Cuide dele, por favor.

- Pode deixar, vou cuidar dele. - mamãe sorriu para ela.

- Obrigada.

Anne foi embora cabisbaixa, mas não olhou para trás.

Eu queria muito saber o que estava acontecendo. Já não acreditava na história do pai e a madrasta, estava claro nos olhos verdes de Anne que ela estava magoada.
Mil coisas passaram pela minha cabeça, mas todas dramáticas demais para ser vida real.

- Então, fique á vontade, querido. - minha mãe sorriu para Harry.

O garoto alto sorriu de lado, mas não disse nada.

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