Capítulo 51

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Estou deitada desde que Harry e eu discutimos. Estou na minha cama olhando para o teto, os fones de ouvido no volume máximo abafam qualquer ruído do lado de fora, mas também estão fazendo minha cabeça latejar.

É quase hora do jantar agora, sei disso porque Beatrice veio até o nosso quarto há alguns minutos. Ela perguntou o que eu tinha, e eu lhe disse que estava com uma cólica horrível, felizmente ela acreditou.
Eu lhe pedi para avisar a mamãe que eu não iria descer para o jantar hoje, e felizmente a minha mãe não apareceu para tirar a verdade de mim.

A verdade é que não estou preparada para olhar para Harry agora. Dessa vez é diferente daquela vez que discutimos por causa de Daisy. Não consigo tirar da cabeça aquela sensação de que algo se quebrou entre nós.
Acho que só quero adiar um pouco o que acho que está por vir. Seja lá o que for.

Passei a tarde toda tendo flashbacks da nossa relação, desde que conheci Harry e, cheguei á apenas uma conclusão:
Eu fui a que cometi mais erros.
E me odiei por não ser como as mocinhas dos romances. Ao invés de ser como um anjo salvador, sou só uma garota comum, problemática e egoísta.

Revisando a nossa história, eu reconheço que sempre fui eu a tratar Harry mal e a ser egoísta. Estava tão focada nos meus próprios problemas que me esqueci até de perguntar se estava tudo certo com ele.

Eu poderia dizer que o amor nos torna egoístas, mas a verdade é que a culpa é minha.
Talvez não porque eu seja uma má pessoa, mas porque passei tempo demais sozinha e encontrei em Harry um bom ouvinte, alguém que me entende e que talvez goste de mim do jeito que eu sou. Já não tenho tanta certeza assim.

Um pensamento perturbador passou pela minha cabeça e eu soube que tinha de deixar Harry ir. Encontrar alguém melhor para ele, alguém que tenha certeza de que goste dele, não só da sua companhia e do seu ombro amigo.
Alguém que consiga olhar diretamente nos seus olhos sem sentir vergonha, alguém que se entregue por inteiro á algo sem pensar no que os outros vão pensar, alguém que possa fazer coisas comuns, alguém que nunca vai envergonhá-lo na frente das pessoas. Alguém que seja tão bom quanto ele é.
Alguém que tenha certeza de que está pronto para isso, para amar alguém.

E quando alguém começa a duvidar do que sente, você sabe que é o fim. E talvez seja isso, a sensação de algo se quebrou.

                          *

Perto das dez da noite eu sai do quarto, com uma troca de roupas na mão. Ainda precisava tomar banho e beber um pouco de água, porque a minha garganta parecia lixa.

Andei na ponta dos pés até o banheiro, o corredor estava totalmente escuro, mas pela primeira vez não senti medo por isso. Ja me sentia mal o suficiente.

Tomei um banho rápido, escovei os dentes e tomei um pouco de água da pia mesmo. Quando voltei ao corredor meu coração parou

Harry estava parado em frente á minha porta. Estava com calças de moletom e camiseta, o cabelo estava uma bagunça em cima da cabeça, e meu coração doeu ao pensar que nunca conheci alguém tão bonito. Mas é muito mais do que um rosto bonito e um corpo atraente, acho que nunca conheci alguém tão maravilhoso, sincero e incrível.

Respirei fundo e cada passo que dei em sua direção era um passo mais próximo do fim.

- Oi. - falei.

- Podemos conversar? - ele apontou a porta do seu quarto com o polegar.

- Sim.

Harry caminhou até a sua porta e abriu- a para mim. Entramos e ele fechou a porta atrás de nós.

Prisoners - h.sWhere stories live. Discover now