Normani suspira. — Tudo bem. Eu também errei. Camila é minha melhor amiga, não quero enfiar uma faca nas costas dela. Mas saiba que isso não vai dar certo. Camila não namora, não se apaixona, e quando se cansar, vai se livrar de você. É o que ela faz.


— Mani... — Começo, mas ela me interrompe.


— Você está avisada. E quando ela te mandar embora da vida dela, me procure. Eu vou estar aqui pra você Lauren, porque pode parecer doido e rápido, mas acho que estou me apaixonando por você. — Abro a boca surpresa. Como assim?


— Você...


— Olha, esquece tá? Vamos ser amigas. Vou continuar fingindo que namoro com você, por mais que queira que seja verdade. É só isso. Tchau, olhos verdes. — E se levanta, e me dando um beijo na bochecha, e me deixando confusa. 


(...)


Já era 3 da tarde e eu estava com um enorme tédio. Meus amigos estavam trabalhando, minha afilhada estava com a babá, e minha garota estava não sei aonde. Camila não deu sinal de vida até agora e eu já estava ficando preocupada. Eu estava deitada no sofá, lendo um livro, quando meu celular toca. Era meu pai.


— Oi pai! — Falo efusiva no telefone, feliz que o velho Mike tenha me ligado.Sempre era o contrário.


— Oi, estrelinha. Como você está?


— Vou bem, pai. E você e a Martha, estão bem?


— Estamos sim. Martha está andando a cavalo agora.


Sinto um aperto gostoso no peito. Sempre que eu visitava meu pai, andava a cavalo. Meu pai tinha dois, a égua de Martha, Bri, e o cavalo preto dele, Thunder. Fazia uns meses que eu não visitava sua casa.


— Que legal, pai. Tem notícias da mamãe?


— Sim. Ela também está bem. Ela e a Rafaela saem todos os dias, parecem duas adolescentes.


Rio com o tom de voz meio ofendido do meu pai. Rafaela Iglesias era vizinha da minha mãe, e era mãe da minha melhor amiga, Vero, que ainda morava em Louisville. Ela tinha 25 anos também e era publicitária lá na cidade. Vero não quis vir junto comigo, Dinally e Zach por causa de sua namorada na época, Lucy Vives, mas no final elas não ficaram juntas. Os pais de Lucy não aceitaram o namoro da filha, e a obrigaram a terminar com Vero e ir para Nova Orleans terminar a faculdade.


— Mamãe merece curtir, pai. Deixa ela e a tia.


— Tá. — Sei que meu pai está fazendo um bico agora. Apesar do divórcio, meu pai mantinha um carinho enorme por minha mãe e ela por ele.


— Aconteceu alguma coisa pra você ter me ligado?


— Sim! Martha e eu estamos fazendo aniversário de casamento e queremos que você venha. Sei a falta que você sente daqui. — Meu coração dispara. Visitar o Kentucky agora seria ótimo.


— É claro que eu vou, pai! Meu deus, eu estou morrendo de saudade de vocês. Quando é?


— Daqui a 5 dias. — 5 dias? Putz. — É eu sei que está muito perto, mas sabíamos que você vinha trabalhando bastante e não queríamos te atrapalhar. Mas como as gravações acabaram... 


— Eu vou pai, pode ter certeza. Eu er... posso levar alguém comigo?


— Você tá falando dos seus amigos daí? Porque se for, não se preocupe porque já avisei todos.


— Não pai. Alguém como minha acompanhante. — Meu pai dá um berro, e afasto o telefone da orelha.


— MEU DEUS, ESTRELINHA! Você está saindo com alguém? Como ela é?


— Pai, se acalma. Nós não estamos namorando, mas é um relacionamento. Pensei em levar ela pra conhecer lá em casa e passar uns dias com vocês aí.


— É claro que pode! Estou tão feliz, Laur!


— Eu também, pai.


— Vou falar com a sua mãe, ok? Olha Laur, vou ter que desligar, Martha está pedindo ajuda, nos falamos depois, viu? Papai te ama.


— Eu também te amo, pai. Tchau. — Sinto um nó na garganta ao me despedir dele. Eu sinto muita falta dos meus pais, da minha cidade, e ficar longe deles é horrível. Quando eu disse que queria levar alguém, me referia a Camila e não a Normani. Eu sei que é loucura levá-la, mas eu quero que ela viva um pouco mais e descubra mais coisas sobre mim, e quem sabe se sinta segura para me contar sobre ela. Tiro um cochilo no sofá e quando acordo era seis da tarde. Camila não havia dado sinal de vida, e eu já estava preocupada, então decido ir até sua casa. Coloco um jeans, uma blusa velha do Star Wars, e vou até lá. Quando estaciono Jerry na porta de sua casa, noto que há um carro no tradicional lugar onde paro o meu. Era um Rolls Royce preto, lindo, e vejo todas as luzes da casa acesas. Ela está aí.


Bato a campainha e aguardo, e quem abre é uma senhora. Ela tem cabelos claros, pele branca, e usa óculos de grau, além de ter um sorriso bondoso estampado nos lábios. Ela me é familiar. — Olá querida, como vai?


— Er. .... oi, boa noite senhora. A Camila está?


— Está sim. E você seria... ?


— Ah, me desculpe. Sou Lauren Jauregui. — Ela me estende a mão e a aperto.


— Pode entrar, querida. — Abre espaço para que eu entre, e noto que a casa de Camila está muita mais viva. Havia malas jogadas pelo hall, e eu ouvia uma música do One Direction vindo de lá de cima. Camila surge da cozinha, junto com Kyle, mas linda do que nunca. Ela usava um vestido rosa claro, com seus cabelos presos em uma fina trança. Perfeita. Ela abre um sorriso ao me ver, que logo se desfaz ao ver a senhora do meu lado.


— Lauren... — Camila fala, se aproximando e me abraçando, porém, para minha surpresa, ela me beija. Me esqueço que temos companhia e agarro sua cintura, a puxando para mim, totalmente envolvida no beijo. Somos interrompidas com um pigarro.


— Não vai me apresentar, Kaki? — A senhora questiona, divertida. Camila segura minha mão e olha para a mulher.


— Claro. Lauren, essa é minha mãe, Sinu Cabello, e mãe, essa é Lauren Jauregui, minha namorada.

Hands To Myself | InterssexualWhere stories live. Discover now