De volta para L.A

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— Prometa que não vai deixar de ligar, Laur. – Vero fala, pendurada em meu pescoço. Era bem de manhã, e Camila e eu estávamos prontas para partir. Alex nos levaria até o heliporto de Louisville, onde pegaríamos o helicóptero.


— Eu não vou Vero. – Meus olhos estão cheios d'água, e sei que ela está assim também. Eu sinto muita falta dos meus amigos. Muita. Ter passado esses dias na companhia de meu pai, Vero, Alex, mamãe, Martha foi gratificante e amenizou a saudade. Mas não seria o suficiente, nunca.


— Nós já podemos ir? – Pergunta Camila, parada na porta de trás do carro de Vero, seus olhos cobertos por uns óculos de sol. Ela conversava com Alex, a mesma tinha uma expressão estranha.


— Nós vamos agora, amor. – Respondo, e volto a olhar para Vero. Ela não era muito de demostrar fragilidade, sempre foi a durona do nosso grupo, como Dinah. Seus olhos estavam cheios de lágrimas, e acho que ela não está assim exclusivamente por conta de minha partida. Há algo a mais ali. – O que está te incomodando?


Eu sussurro, pegando em sua mão carinhosamente. Meus amigos são tudo para mim, e se algum deles está mal, eu estou mal. Vero sacode a cabeça em negativa, mas vejo mais lágrimas rolar por seu rosto. Pego uma delas com o dedo e lhe dou um sorriso acolhedor. Quero que ela confie em mim.


— Eu só estou insegura. – Soluça, e meu olhar cai com sua tristeza. – Você está indo embora para Los Angeles, e daqui uns dias Alex também vai. Não quero perder ela, mas não quero lhe impedir de seguir seu sonho, e bem, ainda tem a Lucy e...


— O que tem a Lucy?


— Eu sei o que Alex sente por ela, Laur. – Desabafa, seu rosto desesperado. – Sei sobre isso, e bem, eu tenho medo de perder outra pessoa que ame. Perder Lucy não foi nada fácil e eu ainda tenho cicatrizes disso. Não quero que aconteça o mesmo com a Alex. – Olho de esguelha para Alex, a vendo conversar com Camila, tendo uma expressão fechada.


— Olha, Vero. – Puxo o rosto de Vero para mim, a fazendo me encarar. – Você é uma pessoa maravilhosa. Na verdade, perfeita. Qualquer pessoa que tenha a oportunidade de te ter na vida é uma benção. Não fique triste, por favor. Se não for para ser não será. Siga seu coração, foda-se o resto. – Brinco, imitando a frase que ela usou para descrever minha situação com Camila. Noto que ela dá um sorriso de canto e suspira, voltando a me abraçar. Mantenho meus braços em volta de si, tentando passar a ela todo o meu amor e carinho.


— Até que você não é tão otária, bunda branca. – Vero debocha, e nós rimos. Caminhamos para o carro e Alex guarda nossas malas no porta-malas. Dou um beijo na bochecha de Vero, e Camila faz o mesmo. Minha latina está muito quieta esta manhã, e me pergunto se isso tem haver com nossa partida do Kentucky.


— Bom conhecer você, Camilinha. – Vero pisca para Camz, que sorri.


— Digo o mesmo, Iglesias. Até um dia. – Ela entra no carro, e a sigo. Pego na mão de Vero pela janela aberta, e sorrio.


— Eu amo você, Iglesias. Bastante. Se cuide ok?


Ela assente com a cabeça. Vejo Alex se aproximar e passar a mão do rosto de Vero, que fecha os olhos, aproveitando o carinho. Elas são um casal bonito, se dão bem, e se ficarem juntas serão infinitamente felizes. Mas Lucy é um bom final também, e agradeço por não ter que passar por isso. Ou não. Meu cérebro me lembra da Normani, e sou engolfada por sentimentos de culpa e confusão. O casal Velex se despede com um beijo, e ela toca o caminho para Louisville. O percurso é silencioso.

Hands To Myself | InterssexualOnde as histórias ganham vida. Descobre agora