Justamente ela?

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Os flashes faziam meus olhos cegarem um pouco, e fico desesperada para poder entrar dentro do local onde irá ser a festa do filme. Gritos chamando por Camila, berrando sobre ela estar com uma mulher agora e ela parece pouco se lixar. Ela tem um olhar superior, seus olhos castanhos fitando o nada, ou então meu rosto, um sorriso prepotente nos lábios, como se soubesse o efeito e poder que tem nas pessoas. Me lembra a Camila que eu conheci inicialmente no estúdio.


— Garotas, vamos entrar por favor? O coquetel já vai começar. – Quem fala é Hermes, o empresário de Camila, encostando sua mão em meu ombro direito, chamando minha atenção e me fazendo pegar na mão de Camila e sair do tapete vermelho. Assim que saímos daquela loucura, e entramos no gostoso frio do ar condicionado do salão, respiro feliz. Confesso que toda aquela loucura lá fora estava me chateando. Eles estavam berrando coisas absurdas, dizendo como Camila estava com alguém desconhecida como eu, e que a minha pessoa só queria sugar a fama dela. O show business é assim.


— Como você está? — Agora quem fala comigo é Camila, suavemente, apertando minha mão na sua. A fito, vendo como sua expressão agora é a que ela sempre usa quando fala comigo. Suave e delicada. Não prepotente.


— Estou bem. Só um pouco assustada. E você? — Camz sorri divertida ao me ouvir, e me dá um suave beijo na bochecha.


— Já estou acostumada. Logo, logo, você já estará assim baby. Agora vamos tomar algo? Estou morrendo de calor. E sede.


Então tudo se torna uma loucura. Dezenas de pessoas, e estou falando sério, vem falar com Camila, dizendo o quão linda ela está, como o filme está bom, ignorando a minha presença. Isso é normal? Sei que ela é bem famosa, tem vários contatos no mundo das artes, e eu acabei de cair de paraquedas na vida dela, mas realmente precisa ser assim? Minha garganta começa a secar de tanta sede, e decido ir ao balcão que havia no salão, onde estavam as bebidas, tomar algo. Deixo Camila lá e caminho, tendo olhares curiosos de várias pessoas. Eles me olham dos pés a cabeça, pensando o que raios Camila Cabello viu naquela otária.


— Pode me dar uma dose da bebida mais suave que tiver aqui? — Peço ao barman, que confirma com a cabeça, pegando um copo pequeno e colocando um líquido rosado lá dentro. Quando o líquido desce por minha garganta, quase choro de felicidade. Eu estava morrendo de sede.


— Parabéns pelo o golpe, Jauregui. Não achei que conseguiria enganar a Camila, mas olha, você conseguiu. Tem o meu respeito. – Me viro para o lado, de onde a voz veio, e o vejo sentado ao meu lado, usando um terno preto e os cabelos loiros em um topete ajeitado. Drake.


— Não dei golpe em ninguém, Drake.


— É claro que deu. Quando que Camila ficaria com você? Justamente você?


Percebo escárnio na voz de Drake, meu antigo chefe e diretor do filme, e fecho o cenho. Eu nunca fui com a cara dele. Todo o trabalho que ele me deu, me impedindo de trabalhar com o que eu queria, me fazendo limpar a casa dele, passear com seus cachorros, tudo que tem relação com tarefas domésticas. Eu o odeio, admito. Mas quem não o faria?


— Pergunte a ela. Ela irá dizer tudo, inclusive, que ela me ama. Não dei golpe algum. Eu amo a Camila. – Bebo o resto da bebida que havia em meu copo, e passo a mão em meus cabelos, segurando a vontade de socar ele.

Hands To Myself | InterssexualOnde as histórias ganham vida. Descobre agora