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- Por que não?

- Porque.. - Como podia raciocinar com aquele zumbido em sua cabeça? - Porque não, ora!

- Bem, eu fiz. - Anny começou a sentir raiva e engoliu em seco. Ergueu a mão trêmula e começou a enumerar nos dedos. - Estamos namorando há meses. Não somos crianças. Gostamos da companhia um do outro e nos respeitamos. É muito natural e lógico, nessa fase, pensar em casamento.

Alfonso tentou controlar-se. Precisava recuperar a calma sem perda de tempo, pensou.

- Mas você não disse para pensarmos em casamento, conversarmos a respeito. Há muitos fatores a serem discutidos além da realidade de duas pessoas que gostam da companhia uma da outra e se respeitam.

E que se amam, acrescentou para si mesmo. Deus! Como a amava! Mas precisava saber o que ambos desejavam para o futuro, separados ou juntos, como uma família. Havia coisas a serem resolvidas, de uma vez por todas.

- Claro que sim - concordou Anny -, mas...

- Vamos começar por você. Neste momento está livre para recomeçar sua carreira de bailarina a qualquer instante. Nada a impede de voltar a Nova York e ao palco.

- Minha escola é um impedimento. E tomei essa decisão antes de conhecê-lo.

- Anny, vi você dançar no teatro e foi algo... indescritível. Ensinar bale nunca lhe dará a mesma satisfação que dançar no palco.

- Sim, não é a mesma coisa, mas vai me dar algo novo e é o que desejo agora. Não sou pessoa de tomar decisões de modo leviano, Alfonso. Hoje isso, amanhã aquilo... Quando deixei a companhia de bale para voltar para Shepherdstown, sabia o que estava fazendo. Tinha plena consciência do que deixava para trás e o que se descortinava à frente. Se não acredita que sou capaz de me comprometer com alguma coisa e ficar firme na decisão, então não me conhece.

- Não é uma questão de confiança. Mas foi bom ouvi-la dizer essas coisas. Nunca conheci alguém tão determinada quanto você.

Pensara, minutos antes, que saberia manejar tal situação. Imaginara-se propondo casamento a Anny, e não o contrário. Começara a delinear um plano para convencê-la a compartilhar a vida a seu lado e construírem um futuro juntos. Mas ela tomara a iniciativa e o fizera sentir-se confuso, vulnerável e despreparado. Anny não podia ser tão atirada, pensou. Tornara-se um homem de decisões ponderadas e duradouras.

- Para mim - disse em voz alta -, o problema é maior do que decidir que caminho profissional seguir. Tenho mais do que uma carreira em que pensar. Tenho Arthur. Tudo que faço ou deixo de fazer envolve meu filho.

- Estou perfeitamente ciente disso, Alfonso. Sabe muito bem.

- Sei que Arthur gosta de você, mas está acostumado com as coisas do jeito que estão, e precisa sentir-se seguro. Afinal, Anny, sempre fui o centro de sua vida. Livia adoeceu quando era ainda um bebê. Entre médicos, hospitais e tratamento...

- Oh! Alfonso!

A exclamação soou em tom dolorido. Ela bem podia imaginar como tudo se passara. O medo, a insegurança, a dor... Alfonso continuou:

- Livia não pôde acompanhar seu crescimento, e tive de ser pai e mãe. O mundo se desintegrava à minha volta, e precisava cuidar de meu filho. Os primeiros dois anos de sua vida foram um verdadeiro pesadelo.

- E você fez e faz tudo que é possível para proporcionar-lhe uma vida normal e feliz. Não percebe o quanto admiro isso? Como o respeito?

Alfonso sentiu que corava, e nada podia fazer. Jamais pensara na paternidade como algo admirável.

- Faço o que devo fazer. Sempre penso em Arthur em primeiro lugar. É assim que deve ser. Não se trata apenas de você e eu, Anny. Se assim fosse., mas não é. Uma mudança tão radical vai interferir na vida de Arthur.

- E quem está dizendo o contrário? - perguntou ela.


















Meninas, vcs estão desesperadas mesmo em?kkkkk

O clima não ta dos melhores, será que o poncho vai aceitar?
#aceitalogoponcho

Bjoos

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