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Alfonso deu um passo atrás, mergulhado nos próprios pensamentos, e examinou o remate que acabara de fazer na porta do escritório de Anny. Era elegante, e digno da dona.

Imaginou onde ela estaria, o que estava fazendo, e se poderiam encontrar-se por uma hora, antes de ele voltar para casa e ajudar Arthur a fazer o cartaz de dinossauros para a escola.

Sexo, carpintaria e escola primária, pensou, sorrindo, enquanto começava a trabalhar na janela. Um homem nunca sabe o que vai acontecer na sua vida, pensou.


Anny examinou a mandíbula aterrorizadora do predador de plástico.

- Arthur vai adorar este.

- Quem escolhe dinossauros para presentear nunca falha. - Anita arrumou alguns brinquedos na prateleira por força do hábito e olhou para Anny. - Arthur Herrera é uma criança adorável. E o pai não fica atrás.

Anny sorriu, compreendendo a curiosidade da ajudante de sua mãe.

- Tem razão, Anita, ambos são lindos, e ainda estou saindo com Alfonso.

- Eu não disse nada. Meus lábios estão selados. Jamais faço fofocas.

- Não, apenas especula - redargüiu Anny de bom humor, pondo o dinossauro debaixo do braço. - É por isso que eu amo você. Bem, vou me despedir de mamãe antes de ir embora.

- Quer que embrulhe a fera?

- Não. Se embrulhar vai virar um presente. Assim como está poderei apresentar como uma ferramenta para seu projeto da escola.

- Você sempre foi esperta, Anny.

O suficiente para saber o que queria e como obter, concluiu Anny para si mesma. Já haviam transcorrido duas semanas desde que fizera amor com Alfonso pela primeira vez. Desde então, aconteceram breves encontros, aqui e ali.

Desejava mais do que isso, decidiu.

Os encontros que tiveram incluíram levar Arthur ao cinema, jantar juntos os três e travar uma grande batalha de neve no sábado anterior.

Anny queria muito mais, também em relação a Arthur.

Bateu na porta do escritório de Marichelo e enfiou a cabeça pelo vão. A mãe estava à mesa, falando ao telefone. Fez um gesto indicando a Anny que podia entrar.

- Sim, obrigada. Vou esperar a entrega para a próxima semana.

Digitou alguma coisa no computador e desligou com um suspiro.

- Preciso de uma xícara de chá e conversar sobre algo que não envolva bonecas.

- Fico feliz em ajudar. Vou fazer o chá - disse Anny, apoiando o dinossauro na mesa.

Marichelo olhou para o brinquedo e depois para a filha.

- É para Arthur?

- Sim. Para um trabalho da escola. Achei que isso lhe dará mais pontos, além de ser divertido.


- Ele é uma graça de menino.

- Sim, também acho. - Anny pôs água fervendo nas xícaras. - Alfonso fez um bom trabalho como pai, embora a personalidade do garoto ajude muito.

- Concordo. Mas não é fácil educar sozinho uma criança.

- Não pretendo que Alfonso continue só por muito tempo - redargüiu Anny, apoiando as xícaras na mesa. - Eu o amo, mamãe, e vou me casar com ele.

I really like youWhere stories live. Discover now