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Um súbito calor invadiu o corpo de Anny, enquanto seu cérebro finalmente despertava. Entreabriu os lábios, surpresa, e Alfonso aprofundou o beijo. Anny apoiou-se, com medo de cair. Estava presa entre o balcão e o corpo forte de Alfonso. Toda a fadiga e a dor desapareceram na volúpia das sensações.

Desejo, frustração, raiva, todos esses sentimentos explodiram no íntimo de Alfonso, depois de ficarem sufocando-o desde o dia em que conhecera Anny. No momento em que o muro ruíra, a paixão manifestara-se. Beijou-a com fúria, sentindo-a tremer entre seus braços.

Quando, afinal, soltou-a, estavam ambos sem fôlego. Por um longo momento ficaram imóveis, olhos nos olhos, as mãos de Alfonso enterradas nos cabelos de Anny, que o enlaçava pelo pescoço.

E voltaram a beijar-se, ela desvencilhando-o da camisa, ele explorando a pele macia sob o suéter. Arrastou-a até a mesa da cozinha, e estava a ponto de fazê-la sentar-se sobre a madeira rija, quando...

- Anny, senti cheiro de café fresco, e... - Pedro Portillo parou na soleira da porta, surpreso com a cena da filha agarrada ao empreiteiro.

Os dois se separaram, com a rapidez de crianças pegas em flagrante roubando biscoitos da lata.
Cinco segundos transcorreram no mais profundo e enervante silêncio.

- Preciso... vou ao escritório - gaguejou Pedro, por fim.

Deu meia-volta e se afastou com passos apressados. Alfonso passou a mão pelos cabelos escuros.

- Céus! Tudo o que eu queria agora era que o chão se abrisse para me engolir!
- Estamos pisando em granito. - Anny tentou brincar, enquanto se apoiava nas costas de uma cadeira, esperando que a cozinha parasse de rodar. - Tudo bem. Meu pai sabe que já beijei homens antes.

- Estava prestes a fazer muito mais do que apenas beijá-la, e na mesa da cozinha de sua mãe!
- Sei disso. - Anny não conseguia controlar as batidas do coração, enquanto observava o olhar de Alfonso, ainda cheio de desejo. - Que pena! Papai precisava entrar justo agora...
- Isso não teria acontecido se você não me provocasse.

Alfonso respirou fundo e procurou por um copo que encheu de água gelada. Desejava atirá-la no rosto, para esfriar o ânimo, mas acabou bebendo.

- Provoquei? - Anny desejava continuar sentindo a maciez dos lábios dele. - Quando?
- Fez com que eu a tocasse, massageasse, e você gemeu de modo sensual...
- Não gemi. Foram murmúrios de alívio, não de excitação. Estava com dor nas costas. Dê-me uma xícara, porque agora foi você quem me provocou.
- Eu?! Foi para Nova York durante uma semana e nem me avisou.
- Desculpe - replicou Anny com ironia. - Meus pais sabiam onde me encontrar. - Aceitou a xícara que ele lhe entregou e serviu-se de café. - Eu não sabia que tinha de dar satisfações a você.







O cap 31 está mais na frente
(Teve uns probleminhas nele, mas já postei)

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