19

1K 80 10
                                    

-Foi bom — murmurou, quando os lábios se afastaram, passando os dedos por entre os cabelos escuros de Alfonso. — Por que não fazemos isso de novo?

Era o que ele mais desejava. Ir até o fim e depressa. Mas seu filho estava a apenas alguns metros de distância.
— Impossível — murmurou.
— Acho que acabamos de provar que é possível.
Então Alfonso fez o que devia ter feito em primeiro lugar, e afastou-a, segurando-a pelos ombros, observando os olhos cor de céu e os lábios intumescidos pelo beijo.
— Você é capaz de fazer um homem perder a cabeça — falou com voz rouca.
— Pelo que estou vendo, não completamente, mas foi um começo.
Alfonso deixou os braços cair ao longo do corpo e deu um passo atrás, protegendo-se.

— Sabe, faz muito tempo que... não faço isso, Anny.
— Em breve vai voltar a se lembrar de como se age nessas ocasiões — Anny brincou. — Por que não saímos para jantar e começamos a treinar?

— Lavei dos dois lados — anunciou Arthur, voltando para a cozinha e interrompendo a conversa. — Posso comer mais um biscoito?
— Não — Alfonso falou sem tirar o olhar de Anny, frustrado e ansioso. — Temos que ir embora. Agradeça a Anny pelo lanche.
— Obrigado, Anny.
— De nada, Arthur. Volte a me visitar, está bem?
— Sim. — Sorriu, feliz, enquanto o pai o envolvia na jaqueta pesada. — Vai ter biscoitos de chocolate?
— Com certeza.
Anny acompanhou-os até a porta e ficou observando enquanto entravam na picape. Arthur acenou, entusiasmado, mas Alfonso nem mesmo olhou na direção dela.

Um homem cauteloso, pensou Anny, vendo o veículo desaparecer na curva. Bem, não podia culpá-lo. Se tivesse algo tão precioso como aquele menino, tomaria cuidado também. Mas agora que conhecera o filho, estava ainda mais interessada no pai.

Alfonso Herrera levava a responsabilidade de pai muito a sério. Arthur apresentara-se com roupas próprias para o inverno, era alegre, saudável e afável.

Não devia ser fácil criar um menino sem a mãe, mas Alfonso estava fazendo um bom trabalho, concluiu em pensamento. Respeitava uma atitude assim. Sentia admiração e... atração. Talvez, admitiu para si mesma, tivesse sido muito apressada, agindo sob impulso, mas lembrando-se do gosto dos lábios de Alfonso, achou que fizera a coisa certa.

Entretanto, valia a pena ser mais paciente e conhecê-lo melhor. Afinal, nenhum dos dois iria embora...


I really like youWhere stories live. Discover now