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Alfonso tinha razão, admitiu Anny para si mesma, sentindo-se envergonhada de ter dito o que dissera.

- Certo - concordou em voz alta - Mas nosso relacionamento pessoal acabou.

- É o que você pensa!

Assim falando, Alfonso trancou a porta do escritório.

- O que acha que está fazendo, Herrera?

- Tentando obter um pouco de privacidade. Parece que hoje não está sendo muito fácil, com tantas visitas.

- Abra esta porta e saia neste instante, correndo!

- Sente-se e cale-se!

Anny arregalou os olhos, mais assustada que irritada.

- O que disse?

Resolvendo a questão, Alfonso colocou o martelo de lado... bem longe de Anny, caminhou até ela e a fez sentar-se em uma cadeira, dizendo:

- Agora ouça.

Anny tentou levantar-se, mas foi empurrada com força. Estava começando a ferver como uma chaleira, mas a surpresa com a atitude de Alfonso era mais forte do que a indignação.

- Já provou que é maior e mais forte - disse, fingindo desdém. - Não precisa mostrar que é um troglodita também.

- E você não precisa provar que é mimada e rancorosa. Se tentar levantar de novo antes que eu acabe de falar, vou amarrá-la com uma corda. - Alfonso fez uma pausa, pesando o efeito de suas palavras, e viu que Anny se aquietava. - Estava tomando conta da minha vida, quando Christian entrou. É meu amigo. Ele e Maite fazem de tudo por Arthur, e devo muitos favores aos dois.

- Então, é claro, vai retribuir saindo com a irmã dele.


- Fique quieta, Anny! Não vou fazer isso. Não tenho a menor intenção de levar Sol ao cinema ou a um restaurante. O problema é que Christian fala pelos cotovelos, e eu estava ocupado com as prateleiras. A um certo ponto parei de prestar atenção, e quando voltei a me sintonizar... - Passou a mão nos cabelos, em um gesto de frustração. - Pegou-me desprevenido, e tentei ser delicado em recusar, sem ferir seus sentimentos. Ele e Sol sempre foram muito unidos. Acho que está preocupado com ela, e confia em mim. O que poderia ter respondido? Que não tenho o menor interesse na criatura?

Anny ergueu o queixo.

- Sim, mas não é esse o ponto.

- E qual seria? Pode me dizer?

- Que você deu a entender e, por certo, é mesmo a sua opinião, que nosso relacionamento é apenas sexual. Eu espero mais do que isso. Espero lealdade, fidelidade, afeto e respeito. Espero que um homem diga, sem enrolar a língua, que está me namorando e que se preocupa comigo.

- Ora, Anny! Já faz quase dez anos que namorei alguém. Poderia parar com esses fricotes.

- Se pensa assim, está errado. Terminamos a conversa.

- Droga, Anny! Você é um osso duro de roer! Não terminamos nada! - Alfonso a fez levantar. - Não estive com mais ninguém além de você, depois que minha mulher morreu. E não quero estar. Deixarei isso bem claro para Christian e qualquer outra pessoa. Gosto de você e não aprecio que me façam sentir um idiota.

- Ótimo! Agora deixe-me ir.

- Não antes que ouça tudo que tenho a dizer.

- Você me insultou.

- Não vou me desculpar de novo.

- De novo? Não ouvi nenhum pedido de desculpas até agora, Herrera. O que está fazendo?

Alfonso abriu a porta do escritório com um repelão e começou a arrastá-la pelo corredor.

- Fique quieta - ordenou, segurando Anny que se debatia como um peixe fora d'água.

- Se não me soltar neste instante, vou...

Não terminou a frase porque Alfonso a pôs sobre os ombros, segurando-lhe as pernas com uma mão e abrindo a porta da rua com a outra.

I really like youDonde viven las historias. Descúbrelo ahora