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- Obrigada. Ela logo voltará da escola e terá uma grande surpresa. - Começou a subir a escada com Anny, as duas sentindo-se mais à vontade. - Sempre quis estudar bale quando era menina, porém minha família não tinha meios.

- E por que não realiza seu sonho agora e aprende também?

- Agora? - repetiu Irla, achando graça na sugestão de Anny. - Oh! Estou velha demais.

- O bale é um excelente exercício físico. Aumenta a flexibilidade e é divertido. Ninguém é velho demais para isso. E a senhora está em muito boa forma.

- Procuro me manter - murmurou Irla, olhando em volta com ar sonhador, para as barras, os espelhos enormes e os posters coloridos. - Acho que seria agradável, mas não posso pagar dois cursos.

- Vamos conversar a esse respeito. No meu escritório.


Uma hora mais tarde, Anny subiu para seu apartamento. Precisava compartilhar com alguém sua vitória do dia, e Alfonso fora o eleito. Tinha duas novas alunas, a primeira dupla de mãe e filha! E isso era um novo ângulo para a publicidade da escola.

Entrou como um raio na pequena sala de estar e parou. Em seguida começou a fazer um círculo, vagarosamente. Estava tudo pronto. Andara tão ensimesmada que nem percebera o progresso da obra. Tudo brilhava e exalava um aroma de verniz novo.
Atônita, encaminhou-se para a cozinha que reluzia. Os armários esperavam, prontos, pela louça e os mantimentos, e as prateleiras, junto à janela, clamavam por alguns vasos de flores.

Deslizou os dedos sobre o balcão que Alfonso insistira em colocar, dizendo que seria perfeito para o café da manhã. Sim, ele e ela haviam contribuído, juntos, para deixar o apartamento maravilhoso. Como a obra e todo o prédio, fora um trabalho de equipe.
Anny apressou-se a entrar no dormitório onde Alfonso, agachado, instalava as fechaduras nas portas dos armários. Sentado no chão, de pernas cruzadas, Arthur concentrava-se em desatarraxar um parafuso com uma pequena chave de fenda. Pancho ressonava feliz, no meio dos dois.

- Não há nada mais interessante do que observar dois homens trabalhando. Olá, meus lindos!

Ambos ergueram o olhar, e Arthur disse:

- Vim ajudar o papai porque Diego e Catarina precisavam ir ao dentista. Eu já fui na semana passada e não tenho nenhuma cárie.

- Que bom! - Anny olhou para Alfonso. - Tenho andado tão envolvida com o andar de baixo que não reparei no prodígio que fez aqui em cima. Está maravilhoso! Tudo certo!

- Ainda faltam alguns detalhes. Arremates na parte de fora do prédio. Mas já pode ocupá-lo.

Entretanto, não havia o costumeiro entusiasmo na voz de Alfonso, que sentia-se deprimido havia vários dias.


- Adorei. - Anny agachou-se ao seu lado, enquanto Pancho, cambaleando, vinha saudá-la, abanando o rabo. - E acabo de conseguir mais duas alunas. Agora, se conseguisse arrumar dois belos rapazes para me acompanharem em uma comemoração, o dia seria perfeito.

- Vamos! - gritou Arthur entusiasmado.

- Filho, tem deveres de casa a fazer.

- Estava pensando em jantar cedo - disse Anny. -Hambúrgueres e fritas em uma lanchonete.

Arthur agarrou os ombros do pai.

- Por favor, vamos?

Encurralado de novo, pensou Alfonso, resmungando:

- E difícil recusar um convite tão elegante.

I really like youWhere stories live. Discover now