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Alfonso deu um passo atrás, quase gemendo:

- Meu Deus...

Arthur surgiu na soleira da porta, esfregando os olhos.

- O que está fazendo aqui?

- Nada - respondeu Alfonso.

- Na verdade - disse Anny - Seu pai ia me beijar.

Alfonso a encarou com a expressão que reservava para quando o filho fazia algo
muito grave.

Arthur, em seu pijama de Power Rangers, analisou-os com olhos arregalados, os cabelos despenteados e as bochechas rosadas.

- Não pode ser.... Papai não beija moças.

- Verdade? - Antes que Alfonso tivesse tempo de recuar, ela o segurou pela camisa. - E por que não?

- Porque são... garotas. - O menino enfatizou a explicação, levantando os olhos para o alto. - E elas são chatas.

- Entendi. - Anny largou Alfonso e fez um sinal para Arthur. - Venha cá, menino.

- Para quê?

- Vou beijá-lo.

- Não vai, não! - respondeu Arthur, sorrindo e pressentindo uma brincadeira.

- Muito bem. - Anny tirou o casaco, atirou-o para Alfonso e arregaçou as mangas do suéter. - Foi você quem pediu. É o seu fim.

Fez uma careta divertida, dando tempo para que Arthur saísse correndo, e seguiu-o para a sala, deixando Alfonso admirado por vê-la passar por todos os objetos no chão sem pisá-los. Arthur gritava pedindo socorro, encantado com a farra inesperada.

Por fim Anny o pegou, lutou com ele no sofá e o imobilizou enquanto gritava e ria.

- Agora, a punição final. - Começou a beijá-lo no rosto, de modo ruidoso. - Diga que está gostando.

Anny ria tanto que nem conseguia respirar direito.

- Não!

- Diga que está gostoso, senão vou continuar por mais um século!

- Gostei! - berrou o menino, entre risadas.

- Certo. - Anny afastou-se, recobrando o fôlego. - Minha missão acabou.

Mas Arthur aboletou-se no seu colo. Ela não era macia e fofa como a avó, pensou, nem rija como o pai. Era diferente, e os cabelos tinham um cheiro muito bom, concluiu.

- Vai ficar aqui até a meia-noite, Anny?

- Eu adoraria, Arthur. - Anny relanceou um olhar para Alfonso, por cima do ombro. - Se seu pai deixar, é claro.

Alfonso sentiu-se derrotado.

- Vou pegar outra cerveja - disse com um suspiro resignado.

I really like youWhere stories live. Discover now