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Agradeço pela confiança - disse a ela.
- Lembre-se disso quando eu começar a infernizar sua vida.
- Tudo bem. Tem uma caneta?
Ela sorriu e levantou-se para pegar uma na gaveta. Voltou, assinou e datou o contrato, passando a caneta para Alfonso.
- Sua vez.
Quando Alfonso assinou, Anny olhou para o menino.
- Arthur?
- Sim, Anny? - Ele ergueu o rostinho do prato, as migalhas caindo da boca rosada, e tratando de engolir tudo.
- Sabe escrever seu nome?

- Em letra de forma. Sei todo o alfabeto, e soletrar meu nome e o do papai, e mais algumas coisas.
- Ótimo. Dê a volta na mesa e oficialize o contrato. - Inclinou a cabeça, diante do olhar de dúvida do menino. - Fez algumas linhas nos desenhos de seu pai, não fez? Quer ser contratado também ou não?
Uma expressão de puro contentamento tomou conta do rosto de Arthur.
- Está bem!
Ele desceu da cadeira como um raio, espalhando algumas migalhas sobre o papel. Com a língua entre os dentes, escreveu com muito cuidado seu nome, sob a assinatura de Alfonso.
- Olhe, pai! Minha assinatura!
- Sem dúvida.
As palavras saíram num fio de voz. Alfonso sentia um turbilhão de emoções inexplicáveis e ergueu o olhar para Anny. O que fazer? Ela o atingira no seu ponto fraco. Fora gentil e boa com seu filho.
- Vá lavar as mãos, Arthur.
- Não estão sujas.
- Obedeça.
- No final do corredor - ajudou Anny com voz doce. - Conte duas portas, do lado da mão com que assinou seu nome.

Embora contrariado, Arthur foi procurar o banheiro. Alfonso levantou-se, mas Anny não saiu do lugar. Esbarraram um no outro, fazendo-o adotar uma atitude defensiva.

- Foi bonito de sua parte fazer o que fez com Arthur. Obrigado.
- Ele faz parte de tudo. - Anny também sentia um estranha emoção. - Não foi uma estratégia, Alfonso.
- Já disse que agradeço.
- Sim, mas também está pensando que pode ter sido uma manobra para agradar você. Não nego que desejo isso, mas não foi o caso.

Pegou a caneca vazia, mas Alfonso segurou-lhe o braço.
- Tudo bem. Talvez tenha me enganado. Desculpe.
- Está certo.
Mas Alfonso continuava a segurar-lhe o braço, fitando-a.
- Peço desculpas com sinceridade, Anny.
Ela relaxou.
- E aceito com sinceridade também. Seu filho é lindo e muito inteligente. É difícil não ficar encantada.
- Também o acho formidável.
- E ele o adora. Dá para perceber. Gosto de crianças e admiro os pais que são bons. Isso é mais um ponto a seu favor.
Alfonso deslizou a mão pelo braço de Anny, libertando-a.
Ela percebia interesse em seu olhar. Enchendo-se de coragem, pousou as mãos nos ombros fortes e depois deslizou-as para o pescoço.
Alfonso sentiu como se um raio lhe atravessasse o corpo, espalhando faíscas por todo seu sistema nervoso. Provou o hálito quente e sensual da boca macia junto à sua, e sensações indescritíveis o invadiram. Tinha intenção de segurá-la pelos ombros também, mas para afastá-la. Precisava manter distância entre os dois, entretanto, naquele momento, isso era impossível. Não havia como resistir. Beijou-a com sofreguidão, e Anny deixou escapar um gemido suave.

Os lábios de Alfonso eram macios e quentes, as mãos fortes. Anny considerava a força física de um homem um atributo muito sensual.
Sentiu que perdia noção da realidade. Desejara aquele beijo com todas as forças de seu ser e, tomada pelo desejo, pendeu a cabeça para trás.

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