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Começou a subir a escada. O momento era propício, concluiu. Alfonso estava terminando o trabalho que os unira. Por que não propor casamento no espaço que haviam construído juntos, ela com muitas idéias, e ele com a execução? Era perfeito.
Convencida, Anny ficou muito frustrada ao ver que não havia ninguém no andar de cima. Pôs as mãos nos quadris, olhando ao redor e murmurando:

- Onde você se meteu, Herrera?

De súbito lembrou-se do ônibus escolar que traria Arthur de volta da escola e correu para a porta. Era dia de Alfonso buscar o menino. Anny relanceou o olhar para o relógio de pulso, enquanto descia a escada aos pulos. Alfonso devia ter acabado de sair.

- Olá! Onde é o incêndio? - perguntou Pedro quando ela quase o derrubou.

- Desculpe, papai. Preciso correr. Tenho que alcançar Alfonso.

- Algum problema?

- Não. - Anny beijou-o depressa no rosto e livrou-se de seus braços. - Preciso pedir-lhe para casar comigo.

- Oh! Bem... - O choque foi grande, mas Pedro reteve-a. - Como disse?

- Vou pedir Alfonso em casamento. Já planejei tudo!

- Anny...

- Eu o amo, pai. E amo Arthur. Não tenho tempo para explicar tudo, mas já pensei muito a respeito. Confie em mim.

- Tome fôlego e deixe-me... - Mas o Sr. Portillo encarou a filha e percebeu que havia estrelas brilhando em seus olhos. - Vou torcer por vocês - finalizou.

- Obrigada. - Anny atirou os braços em volta do pescoço do pai. - Deseje-me sorte.

- Boa sorte. - Deixou-a partir e ficou observando-a sumir no final da rua. - Até logo, querida - murmurou.

Alfonso parou para comprar leite, pão e ovos. Arthur desenvolvera uma obsessão por torradas. Ao virar a esquina, consultou o relógio de pulso. Faltavam ainda dez minutos para o ônibus chegar. Saíra cedo demais, concluiu.

Resignado a esperar, soltou Pancho para que corresse um pouco. A primavera estava maravilhosa, pensou, olhando ao redor. Os arvoredos com folhas muito verdes, e as flores desabrochando. Havia algo de mágico no ar, pensou.

Talvez fosse a esperança.
Sua casa começava a adquirir ares de verdadeiro lar. Em breve penduraria uma rede no alpendre, quem sabe um balanço no quintal. E trataria de comprar uma piscina inflável para Arthur.

Arthur e Pancho poderiam brincar ao ar livre, rolar na grama e brincar no balanço nas noites quentes de verão. Ele sentaria na varanda e ficaria observando. Ou sentaria no balanço com Anny. Estranho, pensou, mas já não conseguia deixar de incluí-la em todos os seus planos e sonhos. Só admitia a vida com ela, concluiu.

Precisava ter tempo para pensar e analisar a posição de Arthur em tudo isso. Depois seria apenas uma questão de saber se Anny estava disposta a prosseguir
o caminho com eles.

Talvez fosse a hora de dar um empurrãozinho, pensou. Nada era perfeito. Tudo na vida requeria esforço, tudo tinha um tempo para acontecer.

Era como construir uma casa. Alfonso concluiu que as fundações de seu relacionamento eram sólidas. E já tinha uma planta desenhada na mente. Ele, Anny, Arthur e os filhos que teriam depois. Uma casa precisava de muitas crianças. Então, era hora de começar a tirar o desenho do papel, por assim dizer, e arregaçar as mangas.

Talvez Anny não estivesse pronta para casar ainda, pensou, com a escola de bale abrindo as portas. Quem sabe precisasse de certo tempo para pôr as idéias em ordem e ajustar-se ao plano de ser mãe de um menino de seis anos. Podia dar-lhe mais um tempo, refletiu Alfonso.






Tá acabandooooooo
:(

I really like youWhere stories live. Discover now