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- Vai ficar me devendo - Anny conseguiu dizer com esforço. - Gosto das vermelhas. Nossa! Você me assustou!

- Desculpe. A porta não estava fechada e não me ouviu bater.

Na verdade, quando a vira pela janela, decidira não bater. Ela nem mesmo ouviria se o fizesse... Apenas ficara parado no batente da porta, encantado. Uma mulher com aquela aparência e feminilidade deixava um homem louco. E tinha certeza de que ela sabia disso.

- Tudo bem. - Anny desligou o aparelho de som. - Estava me iniciando neste lugar. Embora a dança pareça melhor com muitas luzes e as roupas certas. - Segurou os cabelos, puxando-os para trás, e desejando que as batidas do coração voltassem ao normal. - Então, o que posso fazer por você?

Alfonso veio ao seu encontro, parando para pegar a tiara do chão.

- Perdeu isto quando fazia uma pirueta - murmurou.

- Obrigada. - Anny guardou o adorno no bolso. Alfonso gostaria de vê-la outra vez com os cabelos bem presos, pois a visão que apresentava no momento, as faces escaldantes, a cabeleira solta, era muito perturbadora... como a de uma mulher que acabara de fazer amor. Tratou de falar:

- Não esperava visitas, não é?

- É verdade, mas gosto de surpresas. - Principalmente, ela pensou, quando tinham olhos esverdeados e um sorriso sexy.

- Sua mãe pediu-me para passar por aqui e dar uma olhada no prédio.

- Bem, e o que acha?

- É um belo prédio antigo. Tem potencial. Fundações sólidas. Foi construído para durar.

- Que bom ouvir isso de você, que entende dessas coisas. Todos pensam que sou louca para despender tanto dinheiro e tempo neste prédio velho.

- É um bom investimento, se fizer a coisa certa e tiver paciência.

- E como farei isso? Vontade não me falta.

- A primeira coisa será examinar o sistema de calefação. Está gelado aqui dentro.

Ela sorriu.

- Acho que vamos no entender bem. O sistema de aquecimento fica no porão. Quer dar uma olhada?

Anny o acompanhou ao porão, o que Alfonso não esperava que ela fizesse. Não gritou nem pulou quando um camundongo passou correndo por eles, nem quando viram uma cobra morta há muito tempo que, por certo, viera devorar os parentes do ratinho.

Sabia que as mulheres do tipo frágil em geral soltavam gritinhos ou se retraíam, apavoradas, diante de qualquer animal que rastejasse ou corresse. Porém, Anny apenas franziu o nariz, pegou um caderninho no bolso da jaqueta e fez umas anotações.

Alfonso anunciou que a velha caldeira estava arruinada e passou a desfiar os prós e os contras de usar gás ou eletricidade, embora achasse que, para Anny, estivesse falando grego e fosse melhor passar as informações para o pai dela. Quando externou essa idéia, ela respondeu com frieza educada:

- Meu pai é compositor e professor universitário. Crê que entenderia mais do que eu só porque é homem?

Alfonso pareceu pensar por um instante e respondeu:

- Sim.

- Então sua opinião é incorreta. Pode me enviar as informações, mas pelo que me explicou, estou inclinada a optar pelo aquecimento a vapor. Parece mais simples e mais eficiente, já que os canos e radiadores já estão instalados. Desejo conservar o máximo possível da aparência original do prédio e, ao mesmo tempo, torná-lo habitável e atraente. Também quero que verifique as chaminés e faça os reparos que achar necessários.

Alfonso não ligou muito para o tom de voz gelado, pois concordou com a opinião. Disse:

- Você é quem manda...

- Certo.

I really like youWhere stories live. Discover now