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- Sei disso. Oh! Meu querido!

- Talvez o papai não a tenha pedido em casamento ainda porque tem medo que vá embora também, como a mamãe. É o que Diego acha. Talvez. Mas você não irá, não é mesmo?

Lutando contra as lágrimas, Anny disse:

- Arthur, pretendo ficar nesta Terra por muitos anos. Já falou com seu pai sobre essas coisas?

- Não, porque é ele quem tem que falar com você e pedi-la em casamento. Foi o que Max me disse. O homem tem que pedir a moça. Eu e papai compraremos um anel porque as mulheres querem ganhar um. E quando for a esposa dele não me importarei se me beijar, e serei muito comportado. Você e papai poderão ter bebês como fazem os outros casais. Eu gostaria de ter um irmão, mas se for uma irmã, tudo bem. Vamos gostar um do outro e brincar juntos. - Tomou fôlego. - Então, quer casar com a gente?


Em todos os seus sonhos e fantasias, Anny jamais imaginara receber uma proposta de casamento de um menino de seis anos, sentada em uma mureta em uma tarde primaveril. Nada poderia ser mais tocante, pensou, e maravilhoso.

- Arthur, agora sou eu quem vai contar um segredo. Amo você há muito tempo.

- Sério?!

- Sim. E também amo seu pai. Vou pensar muito sobre tudo que me disse. Prometo. Portanto, se eu disser que sim, saberá com absoluta certeza que é o que mais desejo no mundo. Se concordar, saberá que não é apenas o filho de Alfonso, mas meu também. Compreende o que estou dizendo?

Arthur aquiesceu, olhando-a com expressão solene.

- Vai ser minha mãe, certo?

- Isso mesmo.

- Ótimo. Quer ser?

- Vou pensar - sorriu Anny, beijando-o na testa e saltando para a grama.

- E vai levar muito tempo para resolver? - quis saber Arthur.

Ela ergueu os braços para ajudá-lo a descer.

- Dessa vez, não. - Segurou-o firme em um abraço, antes de recolocá-lo na grama. - Mas vamos manter essa conversa como nosso segredo. Só por mais um pouco de tempo, até eu me decidir.


Anny esperou quase vinte e quatro horas. Afinal, pensou, era uma mulher crescida e sabia o que queria. Talvez não fosse a hora ideal, mas nada havia a fazer.

O rumo que as coisas estavam tomando não era bem o que esperara e que preferira. Sempre pensara em uma seqüência lógica de acontecimentos, mas precisava ser flexível. Quando desejava tanto alguma coisa, costumava fazer concessões.

Pensou em convidar Alfonso para um jantar romântico, só os dois, mas desistiu da idéia. Uma proposta em um lugar público o deixaria encurralado, caso se mostrasse relutante em aceitar.

Considerou então a possibilidade de esperar o fim de semana, com um jantar à luz de velas, regado com vinho e música suave na casa de Alfonso, porém acabou por afastar essa idéia também. Se Arthur já não contara tudo ao pai sobre a conversa que tiveram, então ela mesma contaria.

Não seria como imaginara. Não haveria luar e música com Alfonso encarando-a no fundo dos olhos e dizendo que a amava e que desejava passar o resto da vida ao seu lado.

Talvez não fosse tão perfeito, mas seria correto. O ambiente ideal não importava nessa altura dos acontecimentos, disse a si mesma. Então, por que esperar?

I really like youWhere stories live. Discover now