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Alfonso abriu e fechou a boca, sem saber o que responder. A verdade era que não sabia. Nada era definido quando se tratava de Anahí Portillo.

- É complicado, Arthur...

- Como assim?

Alfonso concluiu que teria sido mais fácil falar sobre sexo. Pôs os copos sobre a mesa e voltou a sentar-se.

- Eu amava sua mãe. Sabe disso, não?

- Sim, mamãe era bonita, e você tomou conta de nós dois até que ela foi para o céu. Gostaria que não tivesse ido.

- Sei disso. Eu também. E a questão é que, como sua mãe precisou partir, fiquei muito feliz por ter você e amá-lo. Deu muito certo, não acha?

- Sim. Somos uma dupla, não é, papai?

- Claro! - Alfonso estendeu a mão, que o menino apertou. - Agora vamos ver o que esta dupla faz com os dinossauros.

- Está bem. - Arthur pegou um lápis de cera. Gostava de formar uma dupla com o pai, mas gostava de fazer de conta que eram um trio... com Anny


Do andar de cima, Alfonso podia ouvir, se prestasse atenção, o ruído da furadeira no térreo. Ouvia também o rumor abafado das marteladas e das lixadeiras no quarto de Anny.

Iria ficar muito bonito, concluiu. O apartamento perfeito para uma mulher solteira ou um casal sem filhos. Um pouco apertado para mais de duas pessoas, pensou.
E ficou ali parado, olhando o vazio.
Você vai se casar com Anny? Por que Arthur tivera de jogar a idéia na sua cabeça? Tirara toda a leveza da situação. Não estava pensando em casamento, raciocinou. Não podia dar-se a esse luxo. Tinha um filho pequeno e seu negócio estava apenas começando. Além do mais, possuía uma casa mal-acabada e que precisava de muitos reparos. Não era o momento de começar a pensar em acrescentar mais uma pessoa no cenário familiar. Já mergulhara em situação semelhante no passado. Não se arrependera, mas precisava admitir que fora uma época terrível para todos os envolvidos. Para que fazer tudo de novo se havia tanto ainda a ser resolvido em sua vida?

Concluiu que seria procurar encrenca na certa.

Além do mais, Anahí não estava à procura de casamento, claro que não. Mal se instalara na cidade. Tinha a escola para administrar.

Falava francês, visitara a França, Inglaterra e Rússia, e talvez pretendesse voltar. Por que não? E ele estava ancorado na Virgínia Ocidental, com uma criança para cuidar.
Fora uma paixão louca com Livia, lembrou. Eram jovens e tolos, pensou com carinho. Ele e Anny eram dois adultos de bom senso que apreciavam a companhia um do outro. Muito sensatos para cometer uma tolice.

Uma mão pesada tocou seu ombro, quase o fazendo largar a máquina que segurava.

- Nossa, Herrera! Eu o assustei?

I really like youWhere stories live. Discover now