Na sexta à noite, Beatriz aparece no meu apartamento carregando coisas suficientes para encher uma loja inteira de bebê. Desde que Dandara nasceu, aprendi que já não posso mais sair de casa só com chave, carteira e celular.
Não. Uma caminhada curta requer uma bolsa de fralda com tudo, de lenço umedecido a chupeta, e o patinho de pelúcia, que, se você tentar tirar das mãos dela, faz com que ponha o pulmão para fora de tanto gritar. Mais o carrinho, chapéu e uma roupa extra, para o caso de ela se babar toda.
E, com tudo isso à mão, metade das vezes não uso mais do que uma fralda e uma mamadeira, tornando todo o resto inútil.
Mas não me importo. Amo ser pai. Queria poder ver Beatriz e a neném todos os dias, o dia inteiro, mas por enquanto tenho que me contentar com alguns dias inteiros por semana e minhas visitas noturnas até a casa de Beatriz. Toda vez que vou até lá, me ofereço para passar a noite, e ela recusa gentilmente. Acho que fica desconfortável com a presença do padrasto vagabundo, e quanto mais conheço Ray mais o odeio. O filho da puta é um tarado, um bruto e um grosso. Não é um cara do bem.
— Oi. — Beatriz entra com o carrinho pela estreita porta da frente, e não deixo de notar as olheiras.
Quando nos falamos pela manhã, ela disse que não tinha dormido nada, porque Dandara a acordou a noite inteira. Nossa filha tem um apetite voraz, e sei que ela ama o peito de Beatriz, porque sempre que você tenta dar uma mamadeira com leite materno, ela leva o dobro do tempo para mamar.
— Oi. Como vai minha garota hoje? — pergunto, com um sorriso.
— Surpreendentemente animada, considerando que não me deixou dormir nada.
— Quis dizer você, princesa. — Revirando os olhos, abaixo para beijá-la.
Está com um brilho labial com gosto de fruta — morango, acho. E é tão delicioso que me abaixo para provar de novo. Deslizo a língua sobre seu lábio inferior e solto um gemido baixinho.
Porra, queria ficar aqui e beijá-la para sempre. Ou melhor — rasgar sua roupa e me perder em seu corpo por uma semana inteira. Mas as seis semanas ainda não passaram, e, mesmo que tivessem terminado, nem sei se Beatriz quer sexo. Está tão cansada o tempo todo, a meio caminho de virar um zumbi.
Não sei como está conseguindo ir às aulas, ler todo o material do curso, escrever artigos e ainda cuidar da nossa filha. Acho que é uma prova da sua força e determinação, mas queria que ela me deixasse fazer mais para aliviar o estresse. Só para conseguir convencê-la a vir aqui hoje, onde pode estudar em paz enquanto cuido da bebê, precisei argumentar por trinta minutos. Ela está tendo dificuldade de estudar em casa, com a avó constantemente falando no seu ouvido sobre o que as Kardashians têm feito, enquanto Ray entra e sai da cozinha para pegar uma cerveja gelada.
Divido o apartamento com um cara que trabalha durante o dia, então a casa é tranquila e silenciosa. Além do mais, não tenho trabalhado muito nas obras ultimamente, por causa de uma frente fria que trouxe uma chuva constante, então passei a última semana em casa de bobeira, pesquisando vários empreendimentos comerciais.
Do carrinho, vem um grito irritado, e rio baixinho.
— A princesinha não gosta de ser ignorada, né? — Abaixo na frente dela e, com cuidado, solto as muitas faixas e fivelas que a mantêm segura. Então levanto Dandara em meus braços, segurando a bundinha com uma das mãos e apoiando seu pescoço com a outra para erguê-la na minha frente.
Como sempre, perco o fôlego só de vê-la. É o bebê mais lindo do mundo. Até minha mãe concorda. Mando fotos todos os dias, e ela está sempre maravilhada com a perfeição que é Dandara Dourado Sobral. Minha mãe está morrendo de vontade de conhecer Dandara pessoalmente, mas não pode viajar até tirar férias, daqui a uns dois meses. Por enquanto, as fotos diárias parecem acalmá-la.
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A Conquista | BETRIZ
FanfictionDe todos os jogadores do time de Hóquei da universidade de Briar, Beto Sobral se destaca por ser o mais sensato, gentil e amável. Diferente de seus amigos mulherengos, ele sonha mesmo é com uma vida tranquila: esposa, filhos e, quem sabe um dia, abr...
