͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏09. beto ⋆✴︎˚。⋆

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Espero por Beatriz no estacionamento. Quase todos os carros já foram embora, exceto uma meia dúzia, provavelmente dos empregados. Faz algumas horas que os caras voltaram para o apartamento de Brody, onde na certa vão passar a noite bebendo. Falei que ia encontrar uma menina, o que fez com que Hollis comemorasse, sem deixar de mencionar o quanto eu era um vacilão por não perguntar se ela tinha uma amiga.

Depois que eles me deixaram numa lanchonete vinte e quatro horas a poucos quarteirões da boate, o local do meu suposto encontro, gastei uma hora comendo um hambúrguer e tomando café, para não ficar caindo de sono quando encontrasse Beatriz. Então caminhei até o Boots & Chutes, e agora estou recostado na porta do Honda de Beatriz, vigiando a entrada da boate, ansioso.

Quando ela aparece, minha empolgação aumenta um pouco. Está usando um casaco de lã que vai até os joelhos. Abaixo disso, suas pernas estão nuas.

Me pergunto se está usando aquele shortinho por baixo, e sinto meu pau contrair. Então me recrimino, porque dava para ver como ela estava com vergonha do uniforme minúsculo.

— Oi — diz, ao se aproximar.

— Oi.

Quero beijá-la, só que Beatriz não está transmitindo um clima de “vem cá, bonitão”. Mas preciso tocá-la, então me aproximo e ajeito uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Ela morde o lábio, hesitante.

— Aonde a gente vai?

— Aonde você quer ir? — Quero deixar a decisão inteiramente para ela.

— Tá com fome?

— Não. Acabei de comer. Você?

— Comi uma barrinha energética no último intervalo.

Pisco para ela.

— Achou que ia precisar de energia, é? Por quê?

Suas bochechas se tingem do tom mais bonito de rosa. Beatriz tenta conter um sorriso, e, quando ele se liberta, comemoro por dentro. Ela é tão linda sorrindo. Queria que fizesse isso mais vezes.

Ela olha ao redor.

— Você não veio na sua caminhonete.

— É, deixei em Hastings. A gente veio no carro do Fitzy.

Ela assente e morde o lábio de novo.

— Eu… bem… o que a gente devia fazer, então?

— Sem pressão. — Chego um pouco mais perto, pousando de leve uma das mãos em seu quadril enquanto acompanho a linha do queixo com a outra. Ela não se afasta, e minha pulsação dispara. — A gente pode caminhar. Só relaxar no carro e conversar. O que você quiser.

Beatriz deixa escapar um suspiro que produz uma nuvem branca no ar frio da noite.

— Não estou a fim de andar. Tá frio, e meus pés estão doendo de passar a noite toda em pé. E meu carro é pequeno demais pra você. Você ia ficar dolorido em cinco segundos.

— Quer ir pra sua casa?

Ela fica tensa.

— Na verdade, não. — Solta o ar novamente. — Não quero que você…

— O quê?

— Não quero que veja onde moro. — Ela soa defensiva. — É uma merda, tá legal?

Meu coração contrai de leve. Não respondo, porque não sei o que dizer.

— Bem, não o meu quarto — admite ela. — Meu quarto não é uma merda.

Beatriz fica em silêncio, como se estivesse lutando por dentro.

A Conquista | BETRIZ Where stories live. Discover now