͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏02. beto ⋆✴︎˚。⋆

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— Fica longe dessa mulher. Ela é tóxica.

Entro no Malone’s, fugindo do temporal, e encontro Basilio derramando sua sabedoria (em geral equivocada) sobre o nosso ala esquerda, o calouro Luis Cláudio — que é conhecido como Topete.

As estradas estão uma merda, e eu não estava com muita vontade de vir aqui hoje, mas Basilio insistiu que a gente precisava sair. Ele passou o dia andando de um lado para o outro dentro de casa, mal-humorado e obviamente aborrecido, mas, quando perguntei qual era o problema, deu de ombros e disse que estava se sentindo inquieto.

E isso é uma mentira deslavada. Posso até ser um cara calado, comparando com meus colegas de time tagarelas, mas não sou burro. E não preciso ser um detetive para decifrar as pistas.

Flora Rangel, a melhor amiga da namorada do nosso outro colega de república, passou a noite lá em casa ontem.

Basilio é um pegador.

As garotas amam Basilio.

Flora é uma garota.

Logo, Basilio ficou com Flora.

Além do mais, tinha um monte de roupa espalhada pela sala, porque Basilio é fisicamente incapaz de transar no próprio quarto.

Ele ainda não abriu o jogo, mas tenho certeza de que vai acabar confessando. Também tenho certeza de que, o que quer que tenha acontecido entre eles ontem à noite, Flora não está a fim de um repeteco. Mas por que Basilio, o rei das transas de uma noite só, estaria incomodado com isso, ainda tenho que descobrir.

— Pra mim, não parece — diz Topete, enquanto sacudo a água do cabelo.

— Ei, loirão — resmunga Basilio na minha direção — Vai se secar em outro lugar.

Reviro os olhos para ele e acompanho o olhar de Topete, que está colado numa morena esbelta junto ao bar, de costas para a gente. Noto a saia curta, as pernas esculturais e os cabelos escuros caindo pelas costas em belos cachos. Para não falar na bunda mais redonda, sarada e sensual que já tive o prazer de admirar.

— Delícia — comento, antes de sorrir para Basilio. — E aí? Já decidiu que a presa é sua e ninguém tasca?

O rosto dele fica branco de horror.

— Tô fora. Essa aí é a Beatriz, cara. Já me enche o saco todo dia na aula. Não preciso dela me aporrinhando fora da faculdade.

— Espera aí, essa é a Beatriz? — pergunto, devagar. Aquela é a garota que Basilio jura ser sua arqui-inimiga? — Vejo essa menina no campus o tempo todo, mas não sabia que era dela que você sempre reclamava.

— A própria — murmura ele.

— Que pena. Sem dúvida é uma gostosa.

Mais do que isso, na verdade. No dicionário, ao lado da definição de linda, tem uma foto da bunda da Beatriz. A mesma imagem poderia ilustrar os adjetivos perfeição e tentação.

— Qual é o problema de vocês? — se intromete Topete. — Ela é sua ex?

Basilio chega a tremer.

— Nossa, não.

O calouro aperta os lábios.

— Então não tem problema nenhum se eu quiser tentar a sorte?

— Você quer tentar a sorte? Disponha. Mas tô avisando, essa maluca vai te comer vivo.

Viro o rosto para esconder um sorriso. Parece que alguém deu um fora em Basilio. Os dois sem dúvida têm uma história, mas, mesmo depois de Topete fazer uma pressão, Basilio não solta informação nenhuma. Do outro lado do bar, Beatriz se vira. Ela provavelmente sente os três pares de olhos na sua bunda — dois dos quais estão mais do que famintos.

A Conquista | BETRIZ Where stories live. Discover now