junho.
— Caramba, bebês precisam de uma cacetada de coisa. — Cora entra no meu quarto trazendo três bolsas. — Acho que a sua futura filha já tem mais coisa que a Hope.
— Impossível — diz o namorado de Hope, que foi encarregado de buscar um berço de segunda mão que encontramos num bazar em Dunham.
Ele e Beto forçam as partes do berço para dentro do cômodo e fitam o pequeno ambiente.
— Vai caber tudo aqui? — pergunta D’Andre, na dúvida.
Esfrego minha barriga. Nada mais parece caber. Nem as minhas roupas. Nem meus sapatos. E, agora, nem o berço. Meu quarto é grande o suficiente para uma mesa e uma cama, mas não para uma mesa, uma cama e um berço.
Suspiro.
— Acho que vou ter que tirar a mesa.
Beto fica calado, mas vejo a frustração incendiar seus olhos por um momento. Já passamos por isso antes. Ele quer que eu me mude, mas estou me recusando.
Neste último mês, estabelecemos uma rotina agradável, na qual tenho feito exatamente o que disse a Basilio que iria fazer — tentar facilitar a vida de Beto.
Não peço nada a ele. Não o deixo pagar nem dividir o custo das coisas de criança que estou comprando. Não ligo no meio da noite, quando o bebê me acorda com os chutes e minhas costas estão latejando. E definitivamente não vou me comprometer a dividir um apartamento com ele. Eu jamais seria capaz de bancar algo decente e preciso me sustentar, ou isso nunca vai dar certo.
Ainda assim, pedir a Roberto Sobral para não ajudar é igual pedir ao sol para não nascer. Ele vai a todas as consultas, massageia minhas costas e meus pés toda vez que estamos juntos no sofá, lê todos os livros sobre bebês que a gente consegue arrumar e está sempre me trazendo lanchinhos — um pote de sorvete, um pacote de Oreo com recheio duplo, um vidro de azeitonas. Parei de comentar meus desejos aleatórios em voz alta, porque bastava insinuar que alguma coisa parecia apetitosa e Beto subia na caminhonete para ir ao supermercado.
— Onde você vai estudar? — pergunta Cora, preocupada.
D’Andre grunhe e tenta ajeitar o peso do berço.
— Na cozinha — respondo. Apontando para a porta do armário, peço aos rapazes para baixarem as peças. — Coloca aí por enquanto. Acho que a gente pode deixar a mesa na calçada e torcer para alguém pegar.
Enquanto os dois homens manobram as partes de berço para dentro do quarto, começo a limpar as gavetas, jogando papéis na cama. Cora vem me ajudar.
— Boa ideia esse bazar em Dunham — digo a Beto. Foi sugestão dele passar nessa cidade chique a vinte minutos de Boston.
Ele dá de ombros como se não fosse nada demais.
— Olhei uns imóveis lá, e o mais barato estava na casa dos seis dígitos. Imaginei que ia ter alguma coisa boa pra gente.
— O que você estava fazendo em Dunham? — pergunta D’Andre.
— Pesquisando negócios à venda. Quero comprar alguma coisa com o dinheiro do seguro do meu pai. — Beto se abaixa ao meu lado e começa a organizar as partes do berço.
— Encontrou alguma coisa interessante?
— Um monte de franquias, mas nada que parecesse certo. Não consigo me ver preparando sanduíche pro resto da vida, mesmo com bons balancetes. Eu poderia comprar uns dois apartamentos pequenos pra alugar. Dá um bom fluxo de caixa.
D’Andre concorda.
— Verdade. E você também ia poder cuidar da maior parte da manutenção. Que outras opções você acha que tem?
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A Conquista | BETRIZ
FanfictionDe todos os jogadores do time de Hóquei da universidade de Briar, Beto Sobral se destaca por ser o mais sensato, gentil e amável. Diferente de seus amigos mulherengos, ele sonha mesmo é com uma vida tranquila: esposa, filhos e, quem sabe um dia, abr...
