NOITE DE ANO NOVO, ÀS DUAS E QUINZE.
Beatriz aparece na saída da boate. O cabelo cacheado está preso num rabo de cavalo alto, e ela vestiu um casaco comprido sobre o uniforme minúsculo de garçonete. Uma moça mais velha sai de trás dela. As duas trocam algumas palavras, parando sob a entrada mal iluminada.
Meu coração dispara agitado. Não pude beijá-la à meia-noite, para abrir o ano, mas estou planejando beijá-la a noite inteira para compensar. Senti uma saudade louca dela no Texas, e, embora minha mãe tenha me feito trabalhar feito um cachorro, Beatriz não me saiu da cabeça.
Consertei a grade da varanda, ajudei minha mãe a trocar de vaso algumas das plantas perenes que ela estava guardando na garagem, troquei cinco lâmpadas, as baterias de todos os detectores de fumaça, limpei a fornalha e resolvi problemas do instante em que acordava até a hora de dormir. Também encontrei com o sr. Corretor de Imóveis Número Um e fingi demonstrar interesse, mas, por mais que tentasse imaginar Beatriz em Patterson, a imagem não parecia se encaixar.
— Oi, bonitão — ela me cumprimenta. — Não sabia que você vinha. Achei que ia te encontrar amanhã.
— Não consegui esperar — digo, sendo sincero. — Feliz Ano-Novo, princesa.
— Feliz Ano-Novo, Beto.
Aperto-a contra mim e enterro o rosto em seu pescoço exposto. Ela estremece em resposta à carícia leve, e o pau meio duro dentro da minha calça termina de subir.
Relutante, interrompo o abraço e abro a porta do carro.
— Melhor a gente ir, ou todas as minhas boas intenções vão descer pelo ralo.
— Achei que suas boas intenções eram me comer amanhã — brinca ela, fazendo referência a uma das mensagens que consegui mandar entre as tarefas que minha mãe arrumou para mim.
Quase derrubo Beatriz no chão, mas, apesar das palavras descontraídas, posso ver a exaustão em cada traço do seu rosto lindo.
Em vez disso, aponto os outros caminhando até seus carros.
— Por que dar um show de graça para essas pessoas?
— Tem razão. — Ela gira o chaveiro no dedo. — Só tem um problema. Meu padrasto tá em casa, e acho que a gente não quer repetir aquela cena.
Realmente não precisamos disso. Aquele tarado filho da puta precisa de um murro na cara e um chute na bunda, mas não quero falar dele. Planejei um monte de coisas, e nenhuma delas inclui gastar um segundo com o imbecil.
— Não dou a mínima pro seu padrasto — admito —, mas achei que, como é fim de ano e não te dei presente nenhum, a gente podia fazer uma coisa diferente. Por que você não entra no carro?
Ela gira a chave mais uma vez e, em seguida, joga-a para mim.
— Você dirige. Estou cansada.
Pego o chaveiro no ar e abro as portas. Então empurro o banco para trás, para não ter que dirigir com os joelhos no queixo.
Beatriz senta no banco do passageiro.
— Pra onde a gente tá indo?
— Pro centro.
— Uuuuh, quanto mistério. Gosto de mistérios.
E eu gosto de te comer. Fico olhando para sua boca por tempo demais antes de me obrigar a sair daquele transe e ligar o carro.
— Como é que você tá? Se sentindo melhor?
— Tô bem. O mal-estar vai e vem. Mas vovó melhorou, então acho que só preciso suar mais alguns dias, e a virose vai acabar passando.
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A Conquista | BETRIZ
FanfictionDe todos os jogadores do time de Hóquei da universidade de Briar, Beto Sobral se destaca por ser o mais sensato, gentil e amável. Diferente de seus amigos mulherengos, ele sonha mesmo é com uma vida tranquila: esposa, filhos e, quem sabe um dia, abr...
