͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏21. beto ⋆✴︎˚。⋆

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NOITE DE ANO NOVO, ÀS DUAS E QUINZE.

Beatriz aparece na saída da boate. O cabelo cacheado está preso num rabo de cavalo alto, e ela vestiu um casaco comprido sobre o uniforme minúsculo de garçonete. Uma moça mais velha sai de trás dela. As duas trocam algumas palavras, parando sob a entrada mal iluminada.

Meu coração dispara agitado. Não pude beijá-la à meia-noite, para abrir o ano, mas estou planejando beijá-la a noite inteira para compensar. Senti uma saudade louca dela no Texas, e, embora minha mãe tenha me feito trabalhar feito um cachorro, Beatriz não me saiu da cabeça.

Consertei a grade da varanda, ajudei minha mãe a trocar de vaso algumas das plantas perenes que ela estava guardando na garagem, troquei cinco lâmpadas, as baterias de todos os detectores de fumaça, limpei a fornalha e resolvi problemas do instante em que acordava até a hora de dormir. Também encontrei com o sr. Corretor de Imóveis Número Um e fingi demonstrar interesse, mas, por mais que tentasse imaginar Beatriz em Patterson, a imagem não parecia se encaixar.

— Oi, bonitão — ela me cumprimenta. — Não sabia que você vinha. Achei que ia te encontrar amanhã.

— Não consegui esperar — digo, sendo sincero. — Feliz Ano-Novo, princesa.

— Feliz Ano-Novo, Beto.

Aperto-a contra mim e enterro o rosto em seu pescoço exposto. Ela estremece em resposta à carícia leve, e o pau meio duro dentro da minha calça termina de subir.

Relutante, interrompo o abraço e abro a porta do carro.

— Melhor a gente ir, ou todas as minhas boas intenções vão descer pelo ralo.

— Achei que suas boas intenções eram me comer amanhã — brinca ela, fazendo referência a uma das mensagens que consegui mandar entre as tarefas que minha mãe arrumou para mim.

Quase derrubo Beatriz no chão, mas, apesar das palavras descontraídas, posso ver a exaustão em cada traço do seu rosto lindo.

Em vez disso, aponto os outros caminhando até seus carros.

— Por que dar um show de graça para essas pessoas?

— Tem razão. — Ela gira o chaveiro no dedo. — Só tem um problema. Meu padrasto tá em casa, e acho que a gente não quer repetir aquela cena.

Realmente não precisamos disso. Aquele tarado filho da puta precisa de um murro na cara e um chute na bunda, mas não quero falar dele. Planejei um monte de coisas, e nenhuma delas inclui gastar um segundo com o imbecil.

— Não dou a mínima pro seu padrasto — admito —, mas achei que, como é fim de ano e não te dei presente nenhum, a gente podia fazer uma coisa diferente. Por que você não entra no carro?

Ela gira a chave mais uma vez e, em seguida, joga-a para mim.

— Você dirige. Estou cansada.

Pego o chaveiro no ar e abro as portas. Então empurro o banco para trás, para não ter que dirigir com os joelhos no queixo.

Beatriz senta no banco do passageiro.

— Pra onde a gente tá indo?

— Pro centro.

— Uuuuh, quanto mistério. Gosto de mistérios.

E eu gosto de te comer. Fico olhando para sua boca por tempo demais antes de me obrigar a sair daquele transe e ligar o carro.

— Como é que você tá? Se sentindo melhor?

— Tô bem. O mal-estar vai e vem. Mas vovó melhorou, então acho que só preciso suar mais alguns dias, e a virose vai acabar passando.

A Conquista | BETRIZ Where stories live. Discover now