— Tô nervosa. — Sussurro as palavras no ouvido de Roberto para as outras grávidas na sala de espera não me ouvirem. Estão todas com um brilho animado no rosto, e não quero estragar o dia delas. Só porque sou um caso perdido não significa que tenho que assustar ninguém.
Mas estou assustada. É a primeira consulta de que Beto participa, e é a que vai revelar o sexo do bebê — se a gente conseguir chegar a um acordo sobre isso. Eu quero saber. Ele quer que seja surpresa. O que é o exemplo perfeito do tipo de pessoa que somos.
Gosto de estar no controle da situação. Se souber o sexo do bebê, posso me planejar. Comprar coisinhas bonitinhas de menina ou coisinhas bonitinhas de menino. Pensar nos nomes.
Beto é um cara que vai com a maré. Ele acha que a gente deveria comprar só roupinhas amarelas e seguir em frente.
— Não tem por que ficar nervosa. — Ele aperta a minha mão e me dá um beijo na bochecha.
Tenho um arrepio involuntário. Seus lábios são suaves e quentes, e quero senti-los na minha boca, não na bochecha. Quero beijar seu pescoço e chupar sua pele até ele gemer. Quero enfiar a mão na sua calça, segurar seu pau e acariciar até ele gozar nos meus dedos.
Já falei que estou louca de tesão?
Não sei se é a sensibilidade aumentada ou os mais ou menos três meses de inatividade sexual, mas, minha nossa, preciso de sexo. Só de esbarrar minha própria mão contra os seios já fico pegando fogo. Li que é normal as mulheres ficarem mais excitadas durante o primeiro trimestre, mas meu desejo sexual só disparou no segundo. Toda vez que vejo Beto, quero rasgar suas roupas.
E ele sabe disso.
— Pronta pra gente ser mais do que amigo? — murmura.
Estreito os olhos para ele.
— Acabei de dizer que tô nervosa, e você aí pensando em sexo?
— Não, você tá pensando em sexo. — Ele sorri. — Seus olhos estão implorando pra eu transar com você.
Olho à minha volta depressa para ter certeza de que ninguém ouviu, mas as outras grávidas conversam com os parceiros ou estão com a cara enfiada numa revista de bebê.
— Não — minto. — Meus olhos estão ocupados demais se preocupando com o que vão ver no ultrassom. Li que talvez dê pra ver o rostinho do bebê e os dedos. — O pânico se reacende em minha barriga. — E se ele só tiver três dedos, Roberto? E se não tiver um nariz? — Minha respiração se acelera. — Ai, meu Deus, e se a gente tiver um bebê mutante?
Beto se dobra ao meio e começa a tremer. Levo um segundo para perceber que está tremendo por causa do riso histérico e silencioso. Maravilha. O pai do meu filho está rindo de mim.
— Ai, meu Deus, princesa. — Ele está ofegante ao levantar a cabeça. — Sabia que não devia ter deixado você assistir A Viagem Maldita na noite passada.
— Não tinha mais nada pra ver — protesto. E
eu não queria que você fosse embora.
Sou tão patética. Passei esta última semana arrumando motivos para convidar Beto para a minha casa. Tipo: “a gente precisa pesquisar sobre aulas de respiração” e “minhas costas estão me matando — se importa de vir me fazer uma massagem?”. E: “talvez eu devesse ter um parto na água”. Ele me implorou para reconsiderar essa última, mas eu não estava falando sério, para começo de conversa. A ideia me faz querer vomitar.
Mas, como ele é o Beto, dirigiu até Boston todas as vezes que eu liguei. Lá no fundo, tenho medo de estar me aproveitando dele, mas o loiro continua insistindo que sabia onde estava se metendo.
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A Conquista | BETRIZ
FanfictionDe todos os jogadores do time de Hóquei da universidade de Briar, Beto Sobral se destaca por ser o mais sensato, gentil e amável. Diferente de seus amigos mulherengos, ele sonha mesmo é com uma vida tranquila: esposa, filhos e, quem sabe um dia, abr...
