De todos os jogadores do time de Hóquei da universidade de Briar, Beto Sobral se destaca por ser o mais sensato, gentil e amável. Diferente de seus amigos mulherengos, ele sonha mesmo é com uma vida tranquila: esposa, filhos e, quem sabe um dia, abr...
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Gosto de fingir que sou imune a coisas corriqueiras, como sentimentos, por exemplo. Que minha concentração é precisa e cirúrgica, que nada pode me afastar do caminho que escolhi para mim quando ainda estava no colégio. Mas, diante da visão de uma menina se esfregando em Beto do outro lado do pátio, Harvard, as notas perfeitas e minha vingança contra todo mundo que nunca acreditou em mim são substituídas por uma onda de inveja.
Quero andar até lá, pegar meu celular e esfregar a mensagem que ele me mandou na cara dela. Ele é meu, tá vendo?, eu rosnaria e então o arrastaria para longe. Ou talvez o jogasse no chão e montasse no colo dele na frente da faculdade inteira.
— Bea, você tá com cara de que quer matar a Isabel Batista Alencar ou transar com o Beto. As duas coisas são proibidas dentro do campus. — Hope ri junto ao meu ouvido.
Isabel? O nome vai para a minha lista negra.
— Não tenho tempo pra isso — murmuro, erguendo um pouco os livros em meus braços. Não sei se estou falando comigo mesma ou com Hope. Com as duas, talvez.
— Isso o quê? Sua obsessão súbita por Beto ou essa mania enlouquecedora de não se permitir curtir a vida?
— Se você subir mais as sobrancelhas, elas vão se juntar com o seu cabelo.
É a minha não resposta.
— A sua presença me causa esses tiques esquisitos. — Hope sacode as sobrancelhas.
— Você faz essas caras na cama com o D’Andre? É algum fetiche dele?
— Você sabe qual é o fetiche do D’Andre, e não são as minhas sobrancelhas.
— Ai. Tá bom. Não deveria ter tocado no assunto. — A preferência de D’Andre por bundas não passou despercebida por nenhum dos amigos de Hope, mas não é algo que eu gostaria de comentar, nem para me distrair de Amber.
A srta. Sebosa está correndo os dedos pelo braço de Beto, enquanto ele escuta atentamente cada coisa idiota que sai daquela boca idiota. Quer dizer, ela poderia estar discutindo as teorias nietzschianas do niilismo, mas ia continuar sendo idiota, porque Beto está hipnotizado.
— A gente vai ficar aqui o dia todo assistindo ao showzinho Isabel e Beto ou vamos comer?
Os nomes nem combinam. O apelido deles ia ser Isabeto ou Roisa, e as duas opções são ridículas.
Mas nosso apelido ia ser Betriz, o que é mais bonito e harmônico, mas só consigo pensar em como estou me sentindo agora: uma idiota. Afinal, o que ele está fazendo, flertando com outra depois de me mandar uma mensagem daquelas?
— Comer — resmungo, mas minhas pernas estão me levando para a direita, que não é o caminho do restaurante.
— Você sabe que o refeitório fica pro outro lado, não sabe? — Hope parece estar tentando não explodir de tanto rir.