De todos os jogadores do time de Hóquei da universidade de Briar, Beto Sobral se destaca por ser o mais sensato, gentil e amável. Diferente de seus amigos mulherengos, ele sonha mesmo é com uma vida tranquila: esposa, filhos e, quem sabe um dia, abr...
Acordo com o barulho de um motor roncando. Ainda está escuro lá fora, mas sou capaz de distinguir uma faixa de luz minúscula no horizonte, uma linha cinza sobre o fundo preto. Puxo a alavanca do meu assento e coloco o encosto na vertical, bem a tempo de ver um Honda Civic saindo da entrada da casa de Beatriz Dourado.
Com os olhos embaçados, confiro a hora no painel. Quatro da manhã. O carro passa por mim, pego um vislumbre de cabelo escuro e, antes que me dê conta, entro no trânsito atrás dela.
Segui Beatriz até Boston na noite passada porque as estradas ainda estavam congeladas, e eu estava preocupado. E não acreditei que ela fosse me escrever. Depois do último orgasmo, ela se fechou completamente. Ficou na cara que intimidade não é o forte dela. Tenho a impressão de que ela não se importaria se eu dissesse as coisas mais sujas, mas bastou uma palavra de carinho e atenção para fugir feito uma louca.
Ela quase pulou para fora da minha caminhonete na pressa de fugir. Mas não levei para o lado pessoal.
Alongo as costas o melhor que posso. Faz tempo que não durmo na caminhonete, e meu corpo está me lembrando exatamente por quê. Mas era isso ou arriscar dirigir de volta nas estradas escorregadias. Escolhi dormir no carro.
O carro de Beatriz passa no sinal amarelo e faz uma curva à esquerda. Quando consigo alcançá-la, está entrando no estacionamento de funcionários de uma agência dos correios no sul de Boston. Um segundo depois, ela sai pela porta do motorista vestindo um uniforme de trabalho, o cabelo cacheado preso num rabo de cavalo.
Um sorriso curva meus lábios. Gata, exuberante e trabalhadora? Caramba. Minha mãe ia adorar essa menina.
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Dirijo de volta até Hastings com um sorriso idiota na cara e me jogo na cama para dormir por três míseras horas. Então volto para a caminhonete e dirijo até o campus, para encontrar meu grupo de estudos, porque amanhã temos uma prova importante de marketing. Mas não sei se estudar às nove da manhã vai ajudar muito no meu estado grogue. Depois de duas xícaras de café, até que acordo um pouco, e me sinto muito mais desperto quando a sessão termina, lá pelas onze.
Em vez de voltar direto para casa, pego um terceiro café e o meu smartphone. É hora de uma pequena investigação, e acho melhor fazer isso na cafeteria do que em casa, onde meus amigos intrometidos podem fazer perguntas.
Sei que Beatriz está na mesma turma que Basilio em algumas matérias, mas ele não é exatamente confiável quando se trata dela, então escrevo para a única outra aluna de ciência política que conheço — Diana Collins. É minha ex-namorada, mas continuamos amigos. Na verdade, não consigo lembrar de uma ex que não tenha continuado minha amiga.
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Diana responde na mesma hora.
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