͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏40. beatriz ⋆✴︎˚。⋆

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Limpo a garganta. Eles continuam a me ignorar.

— Mas é Harvard, todos os grandes nomes vão estar de olho em você de qualquer forma — comenta a srta. Maçã do Rosto, com a indiferença de quem está confiante a respeito de suas perspectivas na pós-graduação. — Quando é que eles liberam a inscrição para o programa de estágio?

A srta. Saia Comprida abre um risinho convencido.

— Pode ir segurando a onda, apressadinha. Só no segundo ano. Aprende a escrever um memorando primeiro.

Ela troca um olhar de escárnio com o rapaz, e a srta. Maçã do Rosto fica levemente ruborizada. Não tem a menor graça ser motivo de piadas, o que me estimula a me intrometer, sem pensar.

— Não tô tão preocupada assim com as notas, mas com a quantidade de coisas que a gente tem que ler. Queria já ir dando uma adiantada esta tarde. — Entenderam? Vamos levantar, gente.

A srta. Maçã do Rosto ergue o queixo, feliz de poder atacar, em vez de ser o alvo do insulto.

— Isso não é difícil. Difícil é escolher o assunto certo para o artigo da Law Review. Ler e estudar alguns casos é moleza.

Ela me dá as costas, jogando o cabelo para trás com desprezo, pega seus livros e me deixa de queixo caído. Os outros dois estudantes a seguem. O rapaz sussurra para a srta. Saia Comprida:

— Ei, ouvi dizer que tem inscrições abertas para um grupo de estudo. Fiquei interessado. Como faz pra entrar?

Ela torce o nariz.

— Se você não sabe, não é pra você.

Encantador. Pelo menos estamos saindo da sala.

Meus seios doem como se meu corpo estivesse se preparando para pôr todo o leite para fora. Corro até a porta, esbarrando em dois colegas que pararam para conversar com outro aluno. Essa gente não tem nada melhor para fazer além de ficar por aí falando merda?

Lá fora, um aluno está distribuindo folhetos. Pego um e paro de repente. É um convite para participar de um curso sobre como publicar na Law Review. Começa daqui a quinze minutos. Meu peito lateja.

— Sua camisa tá vazando — diz uma voz masculina que parece se divertir.

Baixo a cabeça para ver do que ele está falando e fico horrorizada ao ver duas manchas úmidas bem em volta dos mamilos.

— Não sei o que está acontecendo, mas talvez você devesse ir ao médico para mostrar essa infecção. Nojento.

Reconheço-o na mesma hora. Kale Sei Lá O Quê, o imbecil da assistência jurídica. Seu cabelo parece o do boneco Ken, um topete cheio de gel. Tudo nele denota dinheiro e privilégio. Ele cutuca o cara ao seu lado, que parece totalmente enojado.

Cubro o peito com o folheto.

— Tô amamentando, babaca.

Juro que ouço um mugido atrás de mim, mas, quando me viro, os dois estão indo embora.

+ + +

Levo quinze minutos para atravessar o campus. A cada passo, pingo mais. Minhas emoções são uma mistura de vergonha, raiva e frustração. Vergonha porque estou vazando para todo lado. Raiva por me importar com o que aquele babaca pensa. E frustração por todo esse leite precioso estar enchendo meu sutiã e manchando minha camisa. Cruzar os braços não ajuda em nada. A pressão faz o leite sair mais rápido.

A Conquista | BETRIZ Where stories live. Discover now