͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏39. beatriz ⋆✴︎˚。⋆

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— O que vai acontecer quando um desses babacas bater à sua porta querendo levar Dandara pra sair?

Beto para abruptamente, me fazendo bater nas suas costas.

— Ela vai pra uma escola só de meninas.

— Tá, então o que vai acontecer se uma dessas babacas quiser levar Dandara pra sair?

— Nada disso seria um problema — acusa ele —, se tivéssemos ficado no hospital, como sugeri.

Eu rio e o afasto para o lado para pegar minha filha.

— Ainda tá dormindo.

Seu corpo forte pressiona as minhas costas enquanto ele se debruça por cima de mim para espiar dentro do carro.

— É tão linda. Não acredito que foi a gente que fez — diz, baixinho, contra a minha orelha. — Vou comprar um cinto de castidade.

— Acho que ela ainda não precisa disso.

— Tô pensando no futuro. — Ele me empurra de lado com carinho para tirar a cadeirinha da base.

Arqueio uma sobrancelha.

— Ouvi dizer que você já fez sexo a três.

Ele quase tropeça numa falha inexistente na calçada. Uma tosse leve precede sua pergunta:

— A três? Quem te falou isso?

Rá! Ele não negou. Achando graça, passo por ele para chegar à porta de casa.

— Cora ficou sabendo. Disse que os mais quietos são sempre os piores.

— Nada de sexo a três para a Dandara — declara. — Acho que a gente devia educar ela dentro de casa até os trinta anos.

— Estamos virando uns hipócritas.

Beto assente, enfaticamente.

— Isso aí, e não tenho o menor problema com isso. — E, logo antes de entrar em casa, murmura: — Aliás, o sexo foi a quatro.

Engasgo.

— Dois homens e duas mulheres?

Ele sorri.

— Três mulheres e eu.

— Uau. — Estou mais impressionada do que com raiva. — Bom pra você, garanhão.

Rindo, ele entra no corredor e tira os chinelos.

A casa está surpreendentemente quieta. Ray ainda deve estar na cama, porque a televisão está ligada, mas o volume está baixo e, em vez da ESPN, tá passando um game show.

— É você, Beatriz? — pergunta minha avó da cozinha.

— Vou levar a neném para o quarto — diz Beto, tentando fazer o mínimo de barulho possível.

Vou até a cozinha.

— Oi, vó. Eu… ah… sobrevivi. — Levanto os braços numa comemoração desanimada.

Ela limpa as mãos num pano de prato. Atrás dela, o bacon está chiando na panela e um cheiro de ovos e baunilha enche o ar. Minha barriga ronca, receptiva. Comida de hospital é horrível.

— A neném tá dormindo?

— Tá. — Abro a porta do forno e vejo algumas fatias grossas de rabanada numa calda de pêssego. Estou salivando. — Isso tá com uma cara boa.

— Você precisa comer e dormir um pouco. Essas primeiras semanas não são fáceis. — Ela me cutuca em direção à mesa, com gestos e um tom de voz surpreendentemente amorosos.

A Conquista | BETRIZ Where stories live. Discover now