— Você não jogava futebol?
— Só até o nono ano. Jogava hóquei o ano inteiro. O rinque do treinador Mort ficava uma hora ao norte da cidade, e eu dirigia até lá praticamente todo dia.
— Então me conta dessas três meninas.
— Tá tão desesperada por uma distração?
— Tô — responde, ansiosa.
Tamborilo os dedos contra o volante, vasculhando minhas memórias empoeiradas.
— Na sétima série, eu namorava Emma Hopkins, até ela ser convidada para o baile da escola por um cara do nono ano. Depois disso, ela passou a se interessar só por homens mais velhos.
— Fascinante. Conta mais.
Sorrio. Posso sofrer um pouco de humilhação pessoal, se isso a ajudar a não se preocupar com o encontro com minha mãe.
— No nono ano, eu era louco por June Anderson. Fazíamos quase todas as matérias juntos, mas o diferencial era que ela conseguia dar um nó num talo de cereja com a língua. Na nona série, isso era quase equivalente a atravessar o Grand Canyon numa corda bamba.
Beatriz ri.
— Acho que para alguns caras continua sendo um dos maiores feitos da humanidade. Aposto que, para Brody, é pré-requisito para ficar com ele.
Seu tom de desprezo não passa despercebido. O dia em que Beatriz conheceu Brody não deu muito certo. Começou com ele sugerindo que o parto ia deixá-la toda arrombada, e terminou com ela respondendo que, independentemente de como o seu parque de diversões ficasse depois do parto, ele ainda não estaria convidado para um passeio.
— O cara é um babaca completo — resmunga ela. — É muito ruim morar com ele?
É.
— Já tive colegas melhores. — Melancólico, penso nos tempos maravilhosos da faculdade, com Basílio, Ronaldo e Ulisses.
Meu problema com Brody não é que ele é um tarado que corre atrás de mulher do momento em que acorda até o instante em que vai dormir. Quer dizer, meus antigos colegas de república pegavam geral. Até eu tive minha cota de diversão, incluindo uma noite a quatro regada a bebida, numa véspera de Ano-Novo muito louca. É difícil não perder um pouco a cabeça quando você joga hóquei no nível que a gente jogava. Tinha um fluxo ininterrupto de meninas na nossa casa.
E, mesmo tendo experimentado três pares de seios se esfregando em mim e três línguas no meu pau, não hesitaria nem por um momento em escolher Beatriz em vez de uma orgia embriagada. Só que isso não é algo que eu possa dizer, mesmo que as três garotas juntas jamais cheguem aos pés dela.
O problema de Brody é que ele não tem o menor respeito pelo sexo oposto.
— Ele se recusa mesmo a tirar selfies com garotas, ou tava inventando aquilo pra me encher? — pergunta Beatriz.
— Não, ele tava falando sério. Acha que fotos dele de bochecha colada com uma menina podem acabar com possíveis transas futuras. Selfies são um sinal de compromisso. — Ele discorreu longamente sobre o tema depois de me instruir a manter a minha conta do Tinder ativa e não contar para ninguém que ia ter uma filha.
— Eca. Ele é tão nojento.
— Abri uma conta falsa no Instagram só pra perturbar. Toda vez que ele posta alguma coisa, espero um ou dois dias e escrevo um comentário sobre como é legal que ele e o meu avô têm a mesma camisa. Já fiz isso duas vezes e, nas duas, vi quando ele jogou a camisa no triturador de lixo do apartamento.
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A Conquista | BETRIZ
FanfictionDe todos os jogadores do time de Hóquei da universidade de Briar, Beto Sobral se destaca por ser o mais sensato, gentil e amável. Diferente de seus amigos mulherengos, ele sonha mesmo é com uma vida tranquila: esposa, filhos e, quem sabe um dia, abr...
͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏36. beto ⋆✴︎˚。⋆
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