͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏35. beatriz ⋆✴︎˚。⋆

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Ela solta um riso de escárnio.

— Ele também teve participação nisso. Você não é a Virgem Maria. Não foi concepção imaculada.

— Eu sei. Mas eu poderia ter abortado. Sinceramente, esse é um pensamento que me atormenta sempre que me pergunto como vou fazer isso funcionar.

— Mas não abortou, então para de ficar olhando pro passado.

— Eu sei — digo, de novo.

— Você sente alguma coisa por ele.

Estou ocupada em encontrar um lugar para as mamadeiras lavadas e as outras coisinhas de bebê.

— Gosto dele.

— Pode falar a palavra que começa com A. Não vai te matar.

Irritada, olho para Cora.

— Como se você fosse melhor, srta. Odeio Compromisso. Desde quando você sai falando para os caras que pega que está apaixonada por eles?

— Desde nunca, mas não tenho medo disso que nem você.

— Não tenho medo.

Tenho?

Ela revira os olhos.

— Tanto faz. Não importa. Beto tá nessa porque ama a nossa filha, e, pra mim, isso basta.

Cora abre a boca para me repreender, mas Beto aparece na cozinha antes que ela possa dizer qualquer coisa.

— Pronta? — pergunta para mim.

Confiro a hora no relógio do micro-ondas. Merda. Era pra gente chegar vinte minutos antes da aula.

— Pronta. Vocês vão ter que ir embora — digo a Cora. — Beto e eu vamos a uma aula de respiração.

Ela ergue a sobrancelha.

— Pra quê?

— Pra ajudar no trabalho de parto — explica Hope, entrando na cozinha com D’Andre na sua cola. Ela me dá um beijo na bochecha. — Depois liga pra gente, tá?

— Tá. E obrigada pela ajuda. Todos vocês.

— Não precisa agradecer — diz Hope, e Cora e D’Andre assentem com a cabeça. — Estamos aqui pra você, Bea. Agora e sempre.

A emoção inunda a minha garganta. Não tenho nenhuma ideia de como arrumei amigos tão incríveis. Quem sou eu para reclamar de alguma coisa?

++++

— Você não parece muito animada — comenta Beto, vinte minutos depois. Ele abre a porta do centro comunitário para mim.

— E você tá? — Somos recebidos por uma plaquinha amarela decorada com balões. — Este processo é tão difícil que tenho que aprender a respirar? Não pode ser normal.

— Já viu algum daqueles vídeos no YouTube?

— Deus, não. Não queria pirar. Você viu?

— Alguns.

— E?

Ele me oferece um polegar para baixo.

— Não recomendo. Queria saber por que a gente diz que pessoas corajosas têm colhões, porque depois do segundo vídeo meus colhões tentaram se esconder dentro do meu corpo. Além do mais, meu histórico no YouTube foi oficialmente pro espaço.

— Rá. É por isso que não vi nenhum. — Aponto o indicador para ele numa advertência. — Trate de ficar do lado da minha cabeça durante o parto ou você nunca mais vai querer fazer sexo comigo de novo.

A Conquista | BETRIZ Where stories live. Discover now