͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏35. beatriz ⋆✴︎˚。⋆

Start from the beginning
                                        

— Você tem uma chave Allen?

— Tá zombando da gente agora? — resmungo. — Não tenho chave nenhuma, ainda mais uma com nome.

Ele sorri.

— Deixa comigo, princesa. Eu monto.

— Quero ajudar — Hope se voluntaria. — É que nem cirurgia, só que com madeira, e não gente.

— Deus nos proteja — murmura D’Andre.

— Anda. — Cora me puxa pelo braço. — Vamos começar a lavar algumas das coisas que a gente comprou.

Beto me dá um empurrão na bunda para eu ficar de pé, e me arrasto na direção de Cora.

— Como é não trabalhar de garçonete? — pergunta ela, a caminho da máquina de lavar.

— Estranho. É difícil arrumar um emprego por três meses que não envolva algum trabalho manual pesado. Fui a uma agência de trabalho temporário para ver se tinha alguma coisa, mas eles não foram muito otimistas. Aparentemente, grávidas não estão no topo da lista de candidatos.

— Então o Beto não vai mais voltar pro Texas?

— Não. Quer ficar perto da filha. — Faço uma careta. — Mas a mãe dele… ele é tão grudado com ela. Acho que vai dar problema.

— Ai, não. Você não quer arranjar problema com uma sogra do Texas — adverte Cora. — Já cansei de ouvir Hope reclamando de ter que comer canjiquinha.

Eu também. Mas que opção eu tenho?

— Então devo largar Harvard e me mudar pro Texas?

— Não. Basta comer a maldita canjiquinha. Sempre que ela oferecer. Não importa o quanto isso te dê ânsia.

— Que mórbido.

— Já pensou no que você vai fazer com a neném quando estiver na aula? — pergunta ela, enchendo a máquina de lavar.

— Não sei ainda. Harvard não tem creche. Acho que vou tentar arrumar uma babá.

Pensar nisso tudo está me deixando estressada, mas não quero reclamar muito. Cora e Hope já estão se sentindo culpadas por não poderem ajudar mais, mas, sério, as duas têm mais com que se preocupar.

— E a sua avó?

— Nossa. Você tinha que ter visto a cara dela quando pedi. Ela disse que já criou uma criança… — aponto o polegar para o meu peito —… que não era dela, e que não ia cuidar de outra.

— Que pesado.

Voltamos para a cozinha e começamos a lavar as mamadeiras.

— É pesado, mas é verdade. Não posso despejar essa carga nela.

— E o Beto? — Cora sacode uma mamadeira lavada e põe no escorredor.

— O que tem ele?

— Ele é o pai. Tem que ajudar. Você pode entrar na justiça para obrigá-lo a pagar pensão.

Meu queixo cai.

— Não vou fazer isso. E ele vai ajudar. — Faço uma pausa. — Até onde eu deixar.

Cora faz um barulhinho de reprovação.

— Você é tão teimosa. Não precisa fazer tudo sozinha, Bea. Parece até que ele só fica com a parte boa. O que tá acontecendo entre vocês dois?

Pego uma das mamadeiras lavadas e torço o bico, tentando me imaginar segurando a neném e a alimentando com uma dessas.

— Ele nunca pensou em ficar aqui. Só está ficando por minha causa e por causa da bebê, e me sinto como se estivesse acabando com a vida dele.

A Conquista | BETRIZ Where stories live. Discover now