͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏35. beatriz ⋆✴︎˚。⋆

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— Na minha faixa de preço? Basicamente empresas pequenas. Tem algumas academias, um monte de restaurante e lanchonete, e mais algumas coisas que acho que são um desperdício de dinheiro.

— Tem que ser uma coisa que você goste.

— Pois é. — Beto fica de pé. — Vou buscar o resto das coisas na caminhonete.

Faço que sim, meio distraída, enquanto ele sai. Em dois tempos, esvaziamos a mesa. Hope e eu começamos a arrastá-la, mas D’Andre vem na minha direção e me afasta de lado.

— Tá maluca? Vai sentar ali, vai. — Ele balança a cabeça. — Parece que é doida. Tá do tamanho de uma casa e ainda tenta fingir que não tá grávida — resmunga, mas sua voz é alta o suficiente para todo mundo no quarto ouvir.

De castigo, vou até a cama e começo a arrumar as compras. Vou ter que esvaziar o armário e as gavetas da cômoda, porque, como disse Cora, bebês precisam de uma cacetada de coisa. As fraldas já estão empilhadas no canto do armário — foram presente de Hope. Não consigo imaginar que vá usar tudo aquilo, embora os livros digam que é preciso trocar a fralda de seis a dez vezes por dia.

Os livros que achei no sebo são velhos, então imagino que algumas das informações estejam desatualizadas. Porque de seis a dez vezes por dia? Quem tem tempo para isso? Beto tem alguns livros mais recentes, então posso comparar depois.

Hope se junta a mim na cama.

— “Mais propensa a virar advogada, oitava série”. — Ela faz uma careta. — Você era a diversão em pessoa quando criança, hein?

Tiro o certificado idiota da sua mão.

— Era péssima em ciências, mas não me importava em dizer para as pessoas exatamente o que pensava delas, então médica estava fora de cogitação, e advogada parecia bem mais verossímil.

— Acho que tá mais para apresentadora de programa de entrevistas, e não advogada. — Ela desliza a mão por minha barriga. — Como está nossa bebê hoje?

— Dormindo.

— Acorda ela, quero sentir o chute.

Hope está obcecada pela bebê. Toda vez que me vê, quer alisar minha barriga como se eu fosse a estátua do Buda da sorte num restaurante chinês. Infelizmente para Hope, a neném e eu não estamos no mesmo ritmo. Quando estou me mexendo, ela dorme. Quando deito na cama, ela decide acordar. A dra. Laura disse que é porque meus movimentos ninam o bebê. Até aí tudo bem, mas isso não me ajuda a ter uma boa noite de sono, né?

— Como você quer que eu faça isso? Polichinelo?

— Isso ia fazer a bebê cair? Tipo, se você estiver perto da data prevista para o parto, basta se sacudir até a criança sair? — Cora balança os braços como se fosse uma integrante da equipe de dança da Taylor Swift.

Encaro minha amiga.

— Por favor, me diz que a sua pós-graduação não vai ser num campo importante da ciência.

Cora me mostra o dedo do meio e caminha pelo quarto até se abaixar e pegar uma das sacolas que enchemos no brechó beneficente. Ela despeja tudo no chão e começa a separar as roupas claras das coloridas. Decidimos que tínhamos que lavar tudo na água mais quente possível, por causa do cheiro de algumas das peças.

— Sabia que, quando o bebê começa a se mexer, isso se chama vivificação? — pergunta Hope.

Rio.

— Então ela vai abrir a minha barriga com uma espada e dizer que só pode haver uma?

— Talvez. Mulheres morrem no parto, né? O bebê é essencialmente um parasita. Ele vive dos seus nutrientes, suga a sua energia. — Ela bate um cabide contra o lábio. — Então, sim, acho que o lema do Highlander se encaixa bem.

A Conquista | BETRIZ Where stories live. Discover now