͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏34. beatriz ⋆✴︎˚。⋆

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Basilio hesita.

— E Harvard?

— Continua de pé. — A amargura se junta à tristeza na minha garganta. — Não se preocupe, você vai ter mais três anos pra me odiar e me chamar de bruxa.

— Na verdade, não vou pra Harvard — Confessa ele.

Franzo o cenho.

— Desde quando?

— Aceitei um emprego de professor numa escola particular em Manhattan. — Ele dá de ombros. — Descobri que não quero estudar direito.

— Ah.

Eu me pergunto por que Beto não comentou sobre isso, mas acho que não chega a ser uma surpresa. Ele já admitiu que Basilio não aceitou muito bem essa gravidez.

— Depois que o Beau morreu — começa, mas sua voz falha, e ele para e limpa a garganta. — Depois que ele morreu, eu meio que pirei por um tempo. Mas saí do buraco que cavei pra mim mesmo e fiz um balanço da minha vida, sabe?

Concordo com a cabeça lentamente. Joanna Maxwell fez a mesma coisa. Eu também. A morte de Beau me fez perceber como a vida é importante, como pode ser curta. Pergunto-me se perder Beau foi um divisor de águas para todos que o conheciam e gostavam dele.

— Isso também mudou as coisas pra mim — confesso.

É a vez de Basilio assentir.

— Dá pra ver. — Ele faz uma pausa, triste. — Às vezes, não acredito que a gente chegou a ficar. Parece que faz um milhão de anos.

Solto uma risada.

— É.

— Você ama mesmo o Beto, é?

— Amo.

Ele deixa escapar um suspiro pesado.

— Você tem que contar pra ele.

— Não. — Engulo em seco. — E você também não vai dizer nada.

— Ele precisa saber…

— Não — repito, mais firme desta vez. — É sério, Basilio. Não conta nada pra ele. Você me deve isso.

Seus olhos brilham, bem-humorados.

— Como assim?

Ergo o queixo para ele.

— Você não merecia aquele dez na aula de estatística do segundo ano.

— Ah. Então, ficar de boca fechada é meu castigo pela nota indevida?

— Então você admite que não mereceu a nota!

— Claro que admito. — Seu tom se torna conturbado. — Vai por mim, fiz o que pude pro professor me reprovar.

— Mentira.

— Verdade. Depois que tirei dez no projeto que a gente fez junto e você ficou só com oito, percebi que a professora assistente tava mexendo nas minhas notas. Pedi pro professor rever todas as minhas provas e trabalhos, e acontece que eu devia ter reprovado a matéria.

— Meu Deus. Eu sabia.

Mas não me sinto tão altiva sobre isso quanto imaginei que me sentiria. Minha rixa com Basilio de repente soa incrivelmente banal. E, como ele disse, parece que aconteceu há um milhão de anos.

— Acontece que não reprovei — diz ele, com franqueza. — Sei que você acha que eu tava pegando a professora assistente por causa das notas… — ele me abre um sorriso, — … mas era porque ela tinha um peitão e uma bunda deliciosa.

Finjo arfar, antes de ficar séria de novo.

— Por que você nunca me falou isso?

Ele ri.

— Porque não somos amigos.

Rio também.

— Verdade. — Penso por um instante. — Mas talvez a gente devesse concordar com um cessar-fogo.

— Meu Deus. Tem alguma vaca tossindo por aí?

Sinto a vergonha arder na minha barriga.

— Você é um dos melhores amigos do Beto. Estou prestes a ter uma filha com ele. Faz sentido a gente tentar coexistir.

— Verdade — concorda.

Basilio levanta do chão e estende a mão para mim.

Hesito por apenas um segundo antes de o deixar me ajudar a levantar.

— Obrigada.

Um silêncio constrangedor cai sobre nós, e não tento quebrá-lo. Ainda acho que Basilio não passa de um playboy superficial, e tenho certeza de que uma parte dele ainda pensa que sou uma bruxa. Mas a hostilidade se foi, e, embora a gente nunca vá virar melhores amigos, sei que Beto vai gostar se eu fizer um esforço para me dar bem com Basilio.

É o mínimo que posso fazer, considerando o quanto Beto já sacrificou por mim.

A Conquista | BETRIZ Where stories live. Discover now