͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏33. beto ⋆✴︎˚。⋆

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— Ah. — A expressão dela derrete como manteiga no sol. — Tá bom. Eu vou.

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Beatriz mantém sua palavra e aparece na minha casa por volta das duas da tarde do dia seguinte. Na entrada da casa, quase é atropelada pelo colchão que Ronaldo e Fitzy estão levando para o caminhão de mudança. O lugar está um caos.

Tiro-a da frente e dou um beijo bem nos seus lábios.

— Oi, princesa. Obrigado por ter vindo.

Um rubor cobre seu rosto quando ela percebe que Glorinha e Camila estão de pé logo atrás de mim e testemunharam o beijo. Eu, por outro lado, não estaria nem aí se elas tivessem me visto comendo Beatriz contra uma parede. Beatriz está linda pra cacete no vestidinho azul florido e o cabelo escuro puxado para trás num rabo de cavalo baixo. Nestes últimos dois meses, suas bochechas têm estado sempre coradas, comprovando aquela história do brilho da gravidez.

— Oi — diz, soando estranhamente tímida.

Apresento-a às meninas. Elas a cumprimentam de forma calorosa, e Beatriz logo retribui a simpatia. Ao que parece, já conhece Glorinha da lanchonete, e Camila tem o hábito fofinho de tagarelar quando está nervosa, então, antes mesmo de as apresentações terminarem, já está despejando um monte de coisa em cima de Beatriz.

— Quer beber alguma coisa? — ofereço, guiando-a para a cozinha, e somos seguidos por Glorinha e Camila.

— Não, estou bem. Só me dá uma tarefa pra fazer.

— A gente ia fazer uma pausa agora mesmo. Fitzy chegou mais cedo do que o planejado e tem que sair daqui a uma hora, então a gente já tirou todos os móveis do meu quarto. Só falta esvaziar o armário e as gavetas. — Puxo uma cadeira. — Senta aí. Água?

— Pode ser.

Glorinha e Camila se juntam a ela na mesa, e não deixo de notar como conferem a barriga de Beatriz a todo instante. Ela está obviamente grávida, mas sua barriga ainda não está do tamanho de uma melancia. Talvez de uma bola de futebol americano.

De qualquer forma, é a minha filha ali dentro, e toda vez que penso nisso um orgulho me invade o peito. Minha filha. Meu Deus. A vida é estranha, imprevisível e simplesmente incrível.

— Como você tá? — Glorinha pergunta a Beatriz. — Enjoando muito ainda?

— Não, isso parou faz uns dois meses. Hoje em dia só me sinto cansada, com fome e precisando ir ao banheiro o tempo todo. Ah, e tá ficando cada vez mais difícil ver os meus pés. O que provavelmente é uma coisa boa, porque acho que eles estão tão inchados que já estão com o dobro do tamanho normal.

— Ah, tadinha — comenta Camila, condoída. — Mas pelo menos esse sofrimento todo vai ser recompensado quando você receber seu milagre lindo e bochechudo. É uma troca razoável, não?

— Rá! — Sorri Beatriz. — Que tal eu te ligar às três da manhã, quando o meu milagre bochechudo estiver aos berros, e você me diz se é uma troca razoável.

Glorinha ri.

— É um bom argumento, Cami.

Entrego um copo d'água a Beatriz e me recosto na bancada, sorrindo enquanto as meninas continuam a brincar sobre todas as coisas “maravilhosas” que Beatriz e eu vamos ter pela frente — sono atrasado, fraldas sujas, cólicas, dentição.

Na verdade, nada disso me assusta. Se você não tiver que dar duro por uma coisa, então como ela pode ser gratificante?

Ouço passos se aproximando da cozinha. Ulisses aparece, enxugando o suor da testa. Quando percebe que Beatriz está aqui, se anima todo.

A Conquista | BETRIZ Where stories live. Discover now