A Conquista | BETRIZ

͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏33. beto ⋆✴︎˚｡⋆

— Isso não me surpreende nem um pouco — comenta, bem-humorada.

— Tem umas cinco categorias, acho. Cada uma é projetada para demonstrar uma habilidade educacional.

Nossa. Nem acredito que estou falando isso. Bastou ter que ouvir a explicação ridícula de Ronaldo. Mas repeti-la é como se eu estivesse endossando a maluquice.

Beatriz, no entanto, parece fascinada.

— Quais são as categorias?

Vasculho o cérebro.

— Saber reconfortar. Demonstrar segurança sob pressão. Oferecer um bom sistema de apoio. Hum... finanças. E... merda, não lembro a última.

— E por que comprar um bichinho de pelúcia é um sinal de conforto?

— Comprar? Princesa, aquele troço foi feito em casa. Eles arrumaram uns kits de “faça seu próprio bichinho de pelúcia”.

Ela fica boquiaberta.

— Ai, meu Deus. Quanta... dedicação.

— Eles são jogadores de hóquei. Dedicação está no nosso DNA.

— Como eles sabem quem ganhou? Eles vão recebendo pontos?

— Tenho que escolher um vencedor pra cada categoria.

Porque meus amigos me odeiam, aparentemente.

— E eles te mostraram cópias da declaração de imposto de renda para determinar quem ganha na categoria das finanças? — pergunta ela, irônica.

— Não. Mas essa deu empate, porque os dois vão jogar na liga profissional. Foi o mesmo com o sistema de apoio: de jeito nenhum eu ia escolher entre Glória e Camila. Quero manter minhas bolas onde estão.

Ela ri.

— Então, quem vai ganhar a categoria do saber reconfortar?

— A menos que Ulisses faça algo ainda mais medonho do que isso... — aponto o celular com meu polegar —, ... tenho certeza de que vai ganhar essa rodada.

— Seus amigos são muito esquisitos, Beto. Você sabe disso, não sabe?

— Tô bem ciente disso. — Hesito por um instante. — Ei, você vai trabalhar no correio amanhã à tarde?

— Não. Por quê?

— Achei que talvez pudesse passar lá em casa e me ajudar a empacotar algumas coisas. Os caras vão estar lá. Glória e Camila também. Talvez Flora. Aluguei um caminhão, então todo mundo vai me ajudar a carregar os móveis que vou trazer pra cá. — Acrescento, depressa: — Claro que não vou te deixar pegar nada pesado, mas acho que você poderia ajudar com as coisas leves, as roupas, por exemplo. Vamos pedir pizza, então vai ter comida...

Deixo a palavra comida no ar, sedutora, porque sei como o apetite dela tem estado voraz.

Mas Beatriz está franzindo a testa com relutância.

— Tem certeza de que eles não vão se incomodar de eu aparecer?

— Claro que não. Eles estão doidos pra te conhecer melhor. Régis estava reclamando outro dia que você nunca aparece por lá.

— Régis? — pergunta ela, sem entender.

— Glorinha. O nome do meio dela é Regina, então Ulisses a apelidou de Régis. — E, de repente, fico incomodado com o fato de que estou com Beatriz desde novembro e ela não sabe quase nada sobre meus amigos mais chegados.

— Não sei, Beto...

— Por favor. — Ofereço meu melhor sorriso pidão. — Significaria muito pra mim.