͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏31. beatriz ⋆✴︎˚。⋆

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— A gente não vai ter um bebê mutante. — Suas risadas desapareceram, e ele está segurando a minha mão de novo. — Ele ou ela vai ser perfeito. Prometo.

Concordo com a cabeça, sem muita convicção.

— Beatriz Dourado? — chama alguém da porta.

— Sou eu. — Fico de pé tão rápido que perco o equilíbrio por um momento. Beto me estabiliza, passando um braço musculoso em volta dos meus ombros.

— Somos nós — corrige ele.

Seguimos a enfermeira de uniforme cor-de-rosa ao longo de um corredor grande e bem iluminado. Ela nos guia até uma sala de exames e me instrui a sentar na maca. A máquina de ultrassom já está configurada ao lado dela, e meu coração dá um pulinho agitado.

— Eu quero muito saber — deixo escapar, quando a enfermeira sai da sala.

Beto faz beicinho.

— Mas pensa em como vai ser emocionante quando o médico gritar “É menino!” ou “É menina!”

Ele sempre vem com esse argumento. Mas, francamente, não preciso de mais emoção na minha vida agora. Minha situação em casa já está pesada demais, com minha avó me enchendo o saco por ter engravidado, recriminando-me porque escolhi ter o bebê, e sempre me lembrando de que ela não vai servir de creche grátis só porque sou neta dela. E, claro, ainda por cima tem Ray, com os comentários sarcásticos sobre minha promiscuidade, minha barriga gorda e minha burrice por não saber usar camisinha.

Não dou a mínima para Ray. Já a minha avó… Bem, tenho certeza que vai dar o braço a torcer quando segurar a bisneta ou o bisneto nos braços. Sempre foi louca por bebês.

— Quero saber agora — respondo, teimosa, indiferente ao fato de que pareço uma criança de cinco anos fazendo birra.

— E se a gente decidir com pedra, papel e tesoura?

É, vamos dar excelentes pais, já estou vendo.

— Tá bom. — Estalo os dedos, o que o faz rir. — Pronto?

— Pronto.

Contamos em uníssono. No três, mostramos as mãos. Ele jogou papel. Eu, pedra.

— Ganhei — comemora Beto, presunçoso.

— Desculpa, meu bem, mas você perdeu.

— Papel envolve pedra!

Sorrio.

— A pedra faz o papel ficar pesado e o impede de voar com o vento. Prende ele.

Um suspiro alto enche a sala.

— Não vou ganhar isso, vou?

— Não. — Mas ele está tão bonito agora que ofereço uma compensação. — E se a gente fizer assim: você pode sair da sala quando o médico me disser, e eu juro que não conto. Vou esconder tudo o que comprar pro bebê no meu armário, pra você não ver o que estou comprando.

— Combinado.

Somos interrompidos pela chegada da técnica, que me cumprimenta animada, pede para eu levantar a camisa folgada e passa aquela geleca gelada na minha barriga.

— Está com a bexiga cheia? — pergunta ela.

— Minha bexiga tá sempre cheia — respondo, seca.

Isso a faz rir.

— Não se preocupe. Não vai demorar muito. Daqui a pouco você vai poder fazer xixi até dizer chega.

A Conquista | BETRIZ Where stories live. Discover now