͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏30. beto ⋆✴︎˚。⋆

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Ulisses bufa.

— Você acabou de inventar esse número.

— Tá, talvez não oitenta por cento. Mas acontece, cara, e é nojento. Ah, e a placenta? Um saco sangrento que cai no chão depois que a criança sai? Depois de ver isso, garanto que você nunca mais vai querer enfiar o pau lá de novo.

— Estou com muita pena da Camila agora — observa Ulisses.

— Vou insistir em marcar uma cesárea — diz Ronaldo, decidido, mas o brilho em seus olhos me diz que está só brincando. Sempre dá pra contar com Ronaldo para aliviar o clima.

— Olha — digo —, sei que é um choque enorme. E, de verdade, a ficha ainda não caiu totalmente pra mim. Mas am… gosto muito da Beatriz. — Me corrijo antes de dizer a palavra “amo”. De jeito nenhum vou confessar isso para os meus amigos antes de falar para ela. — Basilio tá errado. Ela é obstinada, sim, mas não é fria nem crítica. Beatriz tem o maior coração do mundo. Ela é… incrível pra caralho.

Um nó fecha a minha garganta. Droga. Queria que Beatriz pudesse se ver pelos meus olhos. Ela acha que está me arrastando para a sarjeta com ela, mas não é verdade. Está me dando a única coisa que sempre quis — uma família. Claro que isso aconteceu um pouco antes do que eu tinha planejado, mas a vida nem sempre segue um roteiro.

— Então você vai mesmo fazer isso, né? — Ulisses soa um pouco impressionado.

— Vou.

— Posso ser o padrinho?

— Vai se foder! — exclama Ronaldo. — O padrinho vou ser eu. Claro.

— Até parece. Tá na cara que sou a melhor opção.

— Tá na cara que você é o mais egocêntrico, isso sim.

Rio.

— Se continuarem assim, não vou escolher nenhum dos dois. Mas é bom saber que estão ansiosos pra assumir o cargo. Acho que vou inventar algum tipo de competição, botar os dois pra suar.

— Tá no papo — diz Ulisses na mesma hora.

— Quero só ver!

Saio da cozinha e deixo meus amigos discutindo. Basilio pode ter sido um babaca diante da notícia, mas é um alívio saber que pelo menos tenho o apoio de Ulisses e de Ronaldo.

Com certeza vou precisar.

A mensagem de Fitzy aparece assim que estaciono na frente do Malone’s

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A mensagem de Fitzy aparece assim que estaciono na frente do Malone’s. Vim direto para cá, porque contar para meus amigos sobre o bebê não é o único item na agenda de hoje. Ainda preciso encontrar um lugar para morar, e estou torcendo para que Fitz possa me ajudar com isso.

Digito uma resposta rápida.

Guardo o celular, tranco a caminhonete e sigo para o bar

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Guardo o celular, tranco a caminhonete e sigo para o bar. Fitzy está tomando uma cerveja quando sento na frente dele. Pediu uma para mim também, que aceito com gratidão.

— Oi. Obrigado por ter vindo.

Ele dá de ombros.

— Sem problema. Estava ficando louco em casa. Meu apartamento é pequeno pra caralho.

Hum. Não estava esperando uma oportunidade tão no início da conversa, mas de jeito nenhum vou deixar a chance passar.

— É disso mesmo que eu queria falar com você.

Fitzy arqueia a sobrancelha.

— Do meu apartamento pequeno?

— Mais ou menos. — Deslizo o dedo pelo rótulo da cerveja. — Você disse que o seu contrato termina em maio, né?

— É. Por quê?

— Já pensou no que vai fazer depois disso? Vai renovar? Se mudar?

Ele abre um sorriso meio sem jeito.

— Qual é a do questionário?

— Só quero saber o que você tá pensando em fazer. — Dou outro gole. — Não vou voltar pro Texas depois da formatura.

Ele me fita por cima do gargalo da garrafa.

— Quando você decidiu isso?

— Quando soube que vou ter um filho, em agosto.

Fitz engasga do outro lado da mesa. Eu provavelmente não deveria ter soltado a bomba com ele no meio do gole. Me sinto mal de vê-lo tossindo descontroladamente.

— Vo… você… — Ele tosse de novo. Pigarreia. — Você vai ter um filho?

— Vou. Beatriz tá grávida.

— Ah. — Ele ergue um braço tatuado e esfrega a têmpora. — Merda. Quer dizer. Parabéns, acho?

Um sorriso involuntário toma meus lábios.

— Obrigado.

Ele me estuda com cuidado.

— Você parece tranquilo.

— É porque tô tranquilo — digo, simplesmente. — Mas, sim, preciso arrumar um lugar em Boston. E lembro que você comentou que não seria contra a ideia de morar na cidade, então… — Dou de ombros. — Achei que não tinha mal nenhum em perguntar se você topa dividir alguma coisa.

— Ah. — Seus olhos brilham com uma pontada de culpa. — Acabei mudando de ideia. Primeiro achei que a viagem de carro não ia incomodar, mas depois falei disso com Hollis, e ele me lembrou como é uma merda dirigir de Boston pra Hastings no inverno, então vou passar o último ano aqui.

Engulo a decepção.

— Ah, ok. Faz sentido.

— Pergunta idiota, mas… Por que você não vai morar com a Beatriz?

Pergunta idiota coisa nenhuma.

— A gente ainda não tá nesse pé — respondo, porque a alternativa é vergonhosa demais. Porque ela não quer ficar comigo.

— Certo. Bem, se você estiver falando sério sobre morar em Boston, conheço uma pessoa que tá precisando de alguém pra dividir o apartamento.

Me animo novamente.

— Quem?

— Você não vai gostar — avisa ele.

— Quem? — insisto.

— O irmão do Henry. O proprietário quer subir o aluguel, e ele não sabe se consegue manter o lugar sozinho.

Ah, merda. Brody Hollis, o rei dos babacas? Melhor não. Mas não posso me dar ao luxo de ficar escolhendo. Afinal, não tenho opção melhor. Brody é meio… arruaceiro, mas o apartamento dele é grande, limpo e tem dois quartos.

E fica a cinco minutos de carro da casa de Beatriz.

Por mais que odeie a ideia, não posso negar que é conveniente.

Dou outro gole na cerveja. Então digo:

— Me passa o número dele?

A Conquista | BETRIZ Where stories live. Discover now