͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏25. beatriz ⋆✴︎˚。⋆

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Ele gesticula para a bela exibição de natureza à nossa volta.

— Quando era pequena — admito. — Quando éramos só eu, minha mãe e minha avó, a gente vinha todo fim de semana. Aprendi a patinar no Lago dos Sapos.

Ele me lança um olhar de esguelha.

— Você não fala muito da sua mãe.

— Não tem muito que falar. — O ressentimento me sobe até a garganta. — Nunca esteve por perto. Quer dizer, quando eu era bem novinha, até uns seis anos mais ou menos, ela se esforçava. Mas depois os homens da sua vida passaram a ser mais importantes.

Beto aperta meu ombro com a mão enluvada.

— Sinto muito, princesa.

— É a vida. — Olho para ele. — Você é próximo da sua mãe, né?

Ele assente.

— É a melhor mulher que eu conheço.

A emoção forma um nó na minha garganta. Beto pode ter perdido o pai quando era muito novo, mas não há dúvidas de que sua mãe fez tudo o que podia para compensar isso. Pelo que ele me falou, ela trabalhava duro para dar uma vida boa para o filho. Minha própria mãe podia aprender umas coisas com a sra. Sobral. Vovó também.

— Nossas infâncias foram tão diferentes — me vejo dizendo.

— E, no entanto, nós dois viramos ótimas pessoas.

Ele, talvez. Eu? Não me sinto ótima agora. Mas guardo o pensamento para mim mesma.

— Sua mãe quer que você volte para o Texas depois da faculdade?

— Quer. — Ele para no meio do caminho, soltando o ar numa expiração cansada.

— Você quer voltar? — pergunto, e prendo o fôlego enquanto espero a resposta.

— Não sei.

Ele passa uma das mãos pelo cabelo loiro, e acompanho o movimento. Seu cabelo parece tão macio. É macio — sei disso porque já passei a mão nele várias vezes. Quero fazer isso agora, mas estou com medo de não conseguir parar de tocá-lo.

— Meu plano sempre foi voltar depois da formatura. Quero ficar perto da minha mãe, cuidar dela, sabe? Mas quando passei as férias lá… — Ele geme baixinho. — Não existe oportunidade em Patterson. Nenhuma. É uma cidade pequena que não cresce há cem anos. E não vou poder nem trabalhar em Dallas e morar em Patterson, porque é uma viagem de quatro horas de carro. Primeiro pensei em passar a semana em Dallas e os fins de semana em Patterson, mas cada vez que penso nisso parece mais cansativo.

— Então o que você vai fazer?

— Não tenho a menor ideia.

Fico esperando que me devolva a questão, que pergunte para mim o que eu vou fazer a respeito deste bebê, mas ele não faz isso.

— Quer ver as pessoas na pista de patinação um pouco? — sugere.

— Claro.

Voltamos a caminhar. Ele ainda está com o braço em torno de mim. Seu aroma familiar inunda minhas narinas e me faz ansiar por ele. Quero beijá-lo. Não, quero arrastá-lo para onde ele estacionou a caminhonete e atacá-lo. Quero sentir seus lábios nos meus, as suas mãos nos meus seios e seu pau se movendo dentro de mim.

Ouvimos os gritinhos felizes das crianças antes mesmo de chegar ao lago. Quando nos aproximamos do corrimão, uma melancolia me invade. Dezenas de pessoas passam por nós na superfície brilhante da pista. As crianças estão empacotadas em casacos coloridos, cachecóis e luvas. Famílias patinam juntas. Casais deslizam de mãos dadas.

A Conquista | BETRIZ Where stories live. Discover now