Paro, de repente, mas é tarde demais. Beto levanta a cabeça e me vê. Posso sentir o calor do seu sorriso daqui.
Ai, merda, isso foi um erro. Aquela noite três dias atrás foi um erro. Uma semana atrás, foi um erro. Atravessar o campus feito uma namorada ciumenta definitivamente é um erro.
Pego o braço de Hope e caminho depressa na direção contrária.
— Tô morrendo de fome. Vamos comer.
— Você tem noção de que correr é uma coisa que só faço na esteira, de tênis e roupa de ginástica, né? — Ela se apressa ao meu lado, tentando me acompanhar nas botas caras de camurça com saltos altíssimos.
Acelero o passo.
— Não tô ouvindo. A vergonha tá dando curto no meu cérebro.
— Se é a vergonha que tá te fazendo pirar, o que te fez sair correndo pelo campus?
Como se ela não soubesse. Mas antes que eu possa responder, Beto aparece à minha direita.
— Onde é o incêndio? — pergunta, achando graça.
Hope para de repente.
— Graças a Deus você alcançou a gente. — Ela limpa a testa num movimento exagerado. — Não fui feita pra me exercitar ao ar livre.
— Fica quieta, Hope — resmungo.
Ela sorri, descaradamente.
— Vou pegar uma mesa pra gente. Quando terminar, me encontra lá dentro. — Estende o braço na minha frente e aperta o bíceps de Beto. — Se quiser, pode comer com a gente, bonitão.
Alguém rosna. Espero que eles pensem que foi a minha barriga, mas, pelo sorriso largo de Hope e a risadinha de Beto, sei que eles me pegaram. Pelo menos Beto tem a decência de esperar Hope se afastar antes de abrir a boca.
— Ignorando minhas mensagens de novo?
— Foi uma mensagem, e tem só três dias.
— Mantenho os olhos fixos no nada e evito seu rosto bonito e os profundos olhos castanhos.
— Mas quem tá contando, né?
Nem preciso olhar para ele para saber que está sorrindo. Ouço em cada palavra.
Ficamos ali por um momento, os dois em silêncio. Acho que está olhando para mim, e eu estou olhando para tudo, menos ele. Por fim, dou o braço a torcer e viro o rosto em sua direção.
O sorriso foi embora. Beto agora está ostentando um cenho levemente franzido, como se eu fosse uma incógnita que ele quer decifrar. Uma dezena de perguntas giram em minha cabeça, e repasso todas elas até chegar à que mais me incomoda — a cena horrível com Ray, antes de Beto sair da minha casa, na sexta à noite.
— Fui a Harvard no outro dia — começo, sem jeito. — Sentei na recepção, e um aluno me confundiu com uma indigente procurando assistência jurídica.
— Que merda.
Dispenso a compaixão com um gesto.
— Depois que falei que ia estudar ali com ele a partir do outono que vem, fui ao encontro que tinha marcado com a professora que é amiga da minha orientadora, e ela me disse pra comprar roupas novas. Até este fim de semana, isso foi provavelmente a coisa mais humilhante da minha vida. Quer dizer, tirando o dia em que fiquei menstruada no meio da aula de educação física, no colégio. Escalando uma corda.
Ele ri.
— Putz.
— Mas nada pior que você ter ouvido aquelas merdas que o meu padrasto falou. — Faço uma pausa, estremecendo com a lembrança. — Essa é uma cena que queria apagar da memória.
BINABASA MO ANG
A Conquista | BETRIZ
FanfictionDe todos os jogadores do time de Hóquei da universidade de Briar, Beto Sobral se destaca por ser o mais sensato, gentil e amável. Diferente de seus amigos mulherengos, ele sonha mesmo é com uma vida tranquila: esposa, filhos e, quem sabe um dia, abr...
͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏10. beatriz ⋆✴︎˚。⋆
Magsimula sa umpisa
