Por alguma razão estúpida, porém, me vejo confessando:
— Bloqueei seu telefone.
Em vez de parecer ofendido, ele ri.
— É. Desconfiei. Por isso rastreei você.
Estreito os olhos para ele.
— E como você fez isso, exatamente? Como sabia que eu ia estar aqui?
— Pedi seus horários para o meu orientador.
Fico boquiaberta.
— E ele deu?
— Deu. Com muito prazer.
Meu sangue ferve com descrença e indignação. Como assim? A faculdade não pode simplesmente dar os horários dos alunos para qualquer um que pedir, pode? Isso é violação de privacidade. Cerro os dentes e decido que, assim que me formar, a primeira coisa que vou fazer vai ser processar esta faculdade idiota.
— Ele te deu meu histórico escolar também? — resmungo.
— Não. E não se preocupe, tenho certeza que sua grade horária não tá rodando o campus em forma de panfleto promocional. Ele só me deu porque jogo hóquei.
— E isso deveria me tranquilizar, então? Saber que você é um idiota privilegiado que recebe tratamento especial porque anda de patins num rinque de gelo e ganha troféus?
Começo a caminhar num ritmo acelerado, mas ele é grande o suficiente para me alcançar com as passadas largas num piscar de olhos.
— Desculpa. — Beto parece genuinamente arrependido. — Se isso ajuda, em geral não uso o trunfo do atleta para conseguir favores. Poderia ter pedido a sua grade pro Basilio, mas achei que você ia gostar menos ainda.
Nisso ele tem razão. A ideia de Beto falando com Basilio Oliveira sobre mim me dá arrepios.
— Tá legal, você me rastreou. O que você quer, Roberto? — Acelero o passo.
— Por que a pressa, princesa?
— Essa é a minha vida — murmuro.
— O quê?
— Tô sempre com pressa — esclareço. — Tenho vinte minutos pra comer alguma coisa antes da próxima aula.
Chegamos ao saguão, onde entro na mesma hora na fila da vendinha de sanduíches e começo a examinar o cardápio na parede. O estudante na nossa frente deixa o balcão antes que Beto possa falar. Dou um passo apressado e faço meu pedido. Quando vou pegar a carteira na bolsa, Beto pousa a mão sobre a minha.
— Deixa comigo — diz, já sacando uma nota de vinte da carteira de couro.
Não sei por quê, mas isso me irrita ainda mais.
— Primeiro você paga minha bebida no Malone’s e agora meu almoço? Qual é, tá querendo se exibir? Deixar bem claro que tem dinheiro sobrando?
Vejo a mágoa tremular em seus profundos olhos castanhos.
Droga. Não sei por que estou hostilizando o cara. É só que… aparecer aqui, admitir que usou de favores para me encontrar, pagar meu almoço…
Era para ser uma coisa de uma noite só, mas agora ele está no meu pé, e não gosto disso.
Não, isso não é verdade. Adoro ter ele por perto. Beto é tão sexy e cheira tão bem, um aroma cítrico e de sândalo. Quero enterrar o nariz naquele pescoço forte e inspirar até me embriagar.
Mas não tenho tempo para isso. Tempo é um conceito que não existe na minha vida, e Roberto Sobral é distração demais.
— Estou pagando seu almoço porque foi assim que minha mãe me criou — responde, baixinho. — Pode me chamar de antiquado, mas comigo é assim.
BINABASA MO ANG
A Conquista | BETRIZ
FanfictionDe todos os jogadores do time de Hóquei da universidade de Briar, Beto Sobral se destaca por ser o mais sensato, gentil e amável. Diferente de seus amigos mulherengos, ele sonha mesmo é com uma vida tranquila: esposa, filhos e, quem sabe um dia, abr...
͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏05. beatriz ⋆✴︎˚。⋆
Magsimula sa umpisa
