͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏03. beatriz ⋆✴︎˚。⋆

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— Tem certeza que não quer ir pra minha casa? — pergunta.

Por um segundo, quase digo que sim. Sim, topo ir para a casa dele. Sim para mais uma rodada de sexo. Sim para tomar café da manhã, faltar no trabalho e passar o dia na cama com ele. A necessidade me surpreende e me assusta.

Respiro fundo e recolho os pedaços da minha compostura que ele estilhaçou com essa transa inesquecível.

— Não. Preciso ir pra casa.

Foi só sexo.

Isso. Só sexo. Roberto Sobral é bom de cama. Tão bom que deveria ganhar um troféu. Mas não foi o melhor que já tive. Só parece que foi, por causa do estresse que estou passando. Ou, mesmo que tenha sido o melhor que já tive, isso só quer dizer que ele é mais uma evidência de que atletas são bons de cama. Resistência física. Dedos e língua experientes. Um pau que poderia servir como modelo para os tamanhos grandes num sex shop.

Procuro por minha camisa e o casaco. Visto depressa, sem me importar que provavelmente estão do avesso. Preciso sair dessa caminhonete e entrar no meu carro.

— Tô pronta — anuncio. — Meu carro tá a dois quarteirões daqui.

Suas feições bonitas amolecem.

— Você parece um pouco nervosa.

Me viro, agitada, mas sua expressão não demonstra nada além de preocupação.

— Tô bem — afirmo.

Beto senta, tira a camisinha, dá um nó e embrulha num bolo de lenços de papel. Segura a chave por um instante e, em seguida, liga a caminhonete.

— Onde?

Deixo escapar um suspiro de alívio.

— Na Forest Street. Na frente de um casarão vitoriano.

— Beleza.

Percorremos a curta distância em silêncio. Ao primeiro sinal do meu carro, a vontade de fugir é tanta que tenho dificuldade de resistir. Abro a porta antes de ele frear por completo.

— Vejo você por aí — digo, descontraída.

— Vou te acompanhar até o carro.

Ele levanta o quadril para puxar a calça, alertando-me para o fato de que ainda está seminu. Tento não encarar enquanto ele guarda o pau semiereto. Beto daria outra fácil.

Meu corpo implora por mais contato, mas ignoro, saltando da caminhonete. Quando Beto se junta a mim, está de camiseta, e a calça jeans pende baixa no quadril forte, o zíper aberto. Ainda está de bota.

Uma onda de risos histéricos entala em minha garganta. Ele me fodeu daquele jeito sem nem tirar as botas?

— Vou te seguir até em casa — diz.

— Já falei, moro em Boston.

Ele dá de ombros.

— E daí? As estradas estão uma merda, e quero ter certeza que você chegou bem.

— Vou ficar bem. Já fiz esse trajeto dezenas de vezes.

— Então me manda uma mensagem quando chegar em casa.

— Nada de telefone — lembro a ele, sentindo um pânico estranho.

— Ou manda mensagem, ou eu te sigo. — Sua voz soa decidida.

Parece que tive uma noite de sexo casual com o último cavalheiro do planeta.

— Tudo bem. — Pego o celular no bolso do casaco. — Mas você tá acabando com o clima.

A Conquista | BETRIZ Where stories live. Discover now