͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏02. beto ⋆✴︎˚。⋆

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Ainda não sei o que acho da barba. Deixei crescer na época da final do campeonato, na primavera passada, mas o negócio ficou meio homem das cavernas, então raspei no verão. Agora cresceu de novo, porque sou preguiçoso pra burro, e só aparar é muito mais fácil do que raspar.

— Senta aí, cara — insiste Topete. Seus olhos me dizem que tem três mulheres para nós dois, mas essas daí, por mais bonitas que sejam, não me interessam nem um pouco.

— Todas suas, moleque.

Viro a longneck e volto para o bar, onde Beatriz ainda está de pé. Dois outros predadores se aproximaram. Olho feio para eles e ocupo o lugar que acabou de vagar ao lado dela.

Apoio um dos cotovelos no balcão do bar atrás de mim, dando a ela a ilusão de que tem mais espaço. Ela parece um pônei indomado — os olhos imensos, as pernas compridas e a promessa implícita do melhor passeio da sua vida. Mas, se você der sua cartada cedo demais, ela vai fugir para nunca mais voltar.

— Então quer dizer que você é amigo do Oliveira?

As palavras soam casuais, mas, considerando que ela e Basilio não gostam um do outro, provavelmente só tem um jeito certo de responder, e é dizer que não.

Mas não vou fazer isso com um amigo, nem mesmo para me dar bem. E, qualquer que seja o problema de Beatriz com Basilio, a questão não me influencia, assim como a opinião de Basilio sobre Sabrina não vai modificar o que estou procurando nela. Além do mais, sou um grande defensor de que se deve jogar limpo sempre.

— A gente mora junto.

Ela não faz o menor esforço para esconder a aversão e começa a me dispensar.

— Obrigada pela bebida, mas acho que minhas amigas estão me chamando. — Indica um grupo de meninas com a cabeça.

Examino a multidão e não vejo ninguém olhando na nossa direção, então me viro para ela e balanço a cabeça, pesaroso.

— Você vai ter que se esforçar mais. Se quer que eu vá embora, é só falar. Você parece ser alguém que sabe o que quer e não tem medo de dizer.

— Foi o Dean que te falou isso? Aposto que me chamou de bruxa, não chamou?

Dessa vez, decido manter a boca fechada. Em vez de responder, dou um gole na bebida.

— Ele tem razão — continua ela. — Sou uma bruxa mesmo e não tô nem aí.

Ela ergue o queixo, irritada, e é a coisa mais linda. Dá vontade de apertar, mas acho que perderia uns dedos se fizesse isso, e vou precisar deles mais tarde. Tenho planos de correr meus dedos por todo o corpo dela.

Beatriz dá outro gole na cerveja que comprei, e vejo os músculos delicados do seu pescoço se moverem. Porra, ela é linda. Basilio podia ter dito que ela come criancinhas no café da manhã, e eu ainda estaria aqui. É esse tipo de atração que ela irradia.

E não sou só eu. Metade da população masculina no bar está lançando olhares de inveja em minha direção. Inclino o corpo um pouco, para escondê-la dos outros.

— Tá bom — digo, despreocupado.

— Tá bom? — Seu rosto se fecha numa expressão fofa de quem não entendeu direito.

— É. Tá querendo me assustar?

Ela franze as sobrancelhas.

— Não sei o que mais ele falou, mas não sou fácil. Não sou contra uma coisa casual, mas sou exigente com quem levo pra cama.

— Ele não falou nada disso. Só contou que você gosta de encher o saco. Mas nós dois conhecemos o ego do Basilio. A questão é se você sente alguma coisa por ele. Parece que sim, porque só fala no cara. — Dou de ombros. — Se for esse o caso, vou te deixar em paz.

A Conquista | BETRIZ Where stories live. Discover now