— Eu gosto de atletas — protesto — … durante os mais ou menos sessenta minutos em que estou usando o corpinho deles.
Trocamos uma risadinha, até que Cora lembra de um cara que fez essa média despencar.
— Lembra do Greg Dez Segundos?
Estremeço.
— Em primeiro lugar, muito obrigada por não me deixar esquecer disso; em segundo, não tô dizendo que você nunca vai encontrar uns pangarés por aí. Só que o risco é menor com um atleta.
— E jogadores de hóquei são pangarés? — pergunta Cora.
Dou de ombros.
— Não sei. Não descartei o time de hóquei da minha lista por causa do desempenho deles na cama, mas porque são uns babacas privilegiados que recebem favorezinhos dos professores.
— Beatriz, amiga, você tem que esquecer isso — implora Hope.
— Não. Tô fora de jogador de hóquei.
— Nossa, pensa só no que você tá perdendo. — Cora lambe os lábios com lascívia exagerada. — E o cara do time que usa barba? Nunca peguei ninguém de barba, mas tá na minha lista.
— Vai em frente, então. Meu boicote ao time de hóquei significa que sobra mais pra você.
— Dessa parte eu gostei, mas… — Ela sorri. — Preciso te lembrar que você transou com o Oliveira, o maior pegador da universidade?
Eca. Essa é uma memória que nunca preciso desenterrar.
— Primeiro, eu estava completamente bêbada — resmungo. — Segundo, isso foi no segundo ano. E terceiro, ele é a razão pela qual jurei nunca mais sair com jogadores de hóquei.
Embora a Briar tenha um time de futebol americano cheio de títulos, ela é famosa por ser uma universidade do hóquei. Os caras que usam patins são tratados como deuses. Basilio Oliveira, por exemplo. Como eu, ele é aluno de ciência política, o curso preparatório para a faculdade de direito, então já fizemos várias aulas juntos, inclusive estatística, no segundo ano. É uma matéria difícil pra cacete. Todo mundo penou.
Todo mundo menos Basilio, que estava comendo a professora assistente.
E — surpresa! — ele tirou um dez que absolutamente não merecia. Sei disso porque fiz dupla com ele no projeto final e vi a porcaria de trabalho que ele entregou.
Quando descobri que Basilio gabaritou, tive vontade de decepar o pau dele. Foi tão injusto. Trabalhei duro naquela matéria. Droga, dou duro em tudo. Tudo que conquisto é à custa de sangue, suor e lágrimas. Enquanto isso, um babaca recebe o mundo todo de bandeja? De jeito nenhum.
— Ela tá ficando brava de novo — Hope sussurra para Cora.
— Tá pensando em como Oliveira tirou dez naquela matéria — Cora finge cochichar de volta. — Nossa amiga tá precisando muito pegar alguém. Faz quanto tempo?
Começo a mostrar o dedo do meio para ela de novo quando me dou conta de que não lembro a última vez que peguei alguém.
— Teve o… Como era mesmo o nome? Meyer? O cara do time de lacrosse. Isso foi em setembro. E depois teve o Beau…
Fico animada.
— Rá! Tá vendo? Faz só um pouco mais de um mês. Não sou um caso perdido.
— Amiga, alguém com a sua rotina não pode passar um mês sem sexo — contrapõe Hope. — Você é uma pilha de nervos ambulante, o que significa que precisa de uma boa transa, pelo menos… uma vez por dia — decide ela.
— Dia sim, dia não — intervém Cora. — Dá uma folga pro parque de diversões dela.
Hope concorda com a cabeça.
— Tá bom. Mas nada de folga hoje…
Solto uma gargalhada.
— Ouviu isso, Bea? Você já comeu, dormiu à tarde e agora precisa de um pouco de diversão — declara Cora.
— Mas no Malone’s? — retruco, incerta. — A gente acabou de concordar que o lugar vive cheio de jogador de hóquei.
— Não é só gente do hóquei. Aposto que o Beau tá lá. Quer que eu pergunte pro D’Andre? — Hope ergue o celular, mas nego com a cabeça.
— Beau toma muito tempo. O tipo de cara que quer conversar no meio do sexo. O negócio comigo é fazer o que interessa e partir pra outra.
— Uau, conversar! Que perigo.
— Ah, cala a boca.
— Vem calar. — Hope vira a cabeça para sair da casa da professora Gibson, e suas longas tranças roçam o meu casaco.
Cora dá de ombros e segue a amiga, e, depois de um segundo de hesitação, vou atrás. Quando chegamos ao carro de Hope, nossos casacos estão encharcados, mas, como estamos de capuz, os penteados sobrevivem ao aguaceiro.
Não estou com a menor vontade de paquerar ninguém hoje, mas tenho que dar o braço a torcer. Faz semanas que estou tensa, e, nos últimos dias, tenho sentido um… formigamento. E é do tipo que só pode ser aliviado por um corpo forte, musculoso e, de preferência, mais bem-dotado que a média.
Só que sou extremamente seletiva com potenciais ficantes e, como temia, quando entramos no Malone’s cinco minutos depois, o lugar está abarrotado de jogadores de hóquei.
Mas tudo bem. Se essas são as únicas cartas que tenho à mão, acho que não custa nada jogar e ver o que acontece.
Ainda assim, sigo minhas amigas em direção ao balcão do bar com zero expectativas.
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A Conquista | BETRIZ
FanfictionDe todos os jogadores do time de Hóquei da universidade de Briar, Beto Sobral se destaca por ser o mais sensato, gentil e amável. Diferente de seus amigos mulherengos, ele sonha mesmo é com uma vida tranquila: esposa, filhos e, quem sabe um dia, abr...
͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏01. beatriz. ⋆✴︎˚。⋆
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