͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏ ͏01. beatriz. ⋆✴︎˚。⋆

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Ela eleva as sobrancelhas, tentando me seduzir.

— É muito caro, H.

— Você sabe que eu cobriria a diferença — quer dizer, meus pais cobririam — ela se corrige. A família da menina tem mais dinheiro do que um magnata do petróleo, mas ninguém jamais adivinharia. Hope é a pessoa mais pé no chão que conheço.

— Eu sei — respondo, engolindo mordidas de minissalsichas. — Mas eu ficaria me sentindo culpada. Depois, a culpa ia virar ressentimento, que ia acabar azedando a amizade, e não ser sua amiga ia ser um saco.

Ela sacode a cabeça para mim.

— Se, em algum momento, seu orgulho permitir que você peça ajuda, estou aqui.

Nós estamos aqui — interrompe Cora.

— Tá vendo? — Balanço o garfo de uma para a outra. — É por isso que não posso morar com vocês. São importantes demais pra mim. Além do mais, tá dando tudo certo. Tenho quase dez meses pra economizar antes de as aulas começarem no outono que vem. Eu dou conta.

— Pelo menos vem tomar um drinque com a gente depois do coquetel — implora Cora.

— Tenho que ir pra casa. — Faço uma careta. — Entro cedo no correio amanhã.

— No domingo? — exclama Hope.

— Hora extra. Não tinha como recusar. Na verdade, acho que já tá na minha hora. —  Pouso o prato na mesa e tento ver o que está acontecendo do outro lado da enorme janela. Tudo o que enxergo é escuridão e filetes de chuva escorrendo pelo vidro. — Quanto antes pegar a estrada, melhor.

— Não com este tempo. — A professora Gibson aparece junto ao meu cotovelo com uma taça de vinho na mão. — A previsão é de gelo na estrada — a temperatura caiu, e a chuva está congelando.

Basta uma conferida no rosto da minha orientadora e sei que tenho que ceder. E é o que faço, mas com muita relutância.

— Tudo bem — digo — mas faço isso sob protesto. E você… — aponto o garfo na direção de Cora —, … é melhor ter sorvete no freezer, pro caso de eu ter que dormir na sua casa, senão vou ficar muito brava.

As três riem. A professora Gibson se afasta, deixando-nos à vontade para socializar como só três universitárias do último ano sabem fazer. Depois de uma hora de festa, Hope, Cora e eu pegamos nossos casacos.

— Pra onde a gente vai? — pergunto às meninas.

— O D’Andre tá no Malone’s, falei que ia encontrar com ele lá — diz Hope. — Fica a dois minutos daqui, a gente não deve ter problema pra chegar.

— Sério? No Malone’s? Aquilo é um bar de hóquei — reclamo. — O que o D’Andre tá fazendo lá?

— Bebendo e me esperando. Falando nisso, você precisa pegar alguém, e atletas são seu tipo favorito.

Cora bufa.

— Seu único tipo.

— Ei, tenho uma boa razão pra preferir atletas — argumento.

— Eu sei. Já ouvimos antes. — Ela revira os olhos. — Se você estiver atrás de uma resposta sobre estatística, procure um nerd da matemática. Se quiser satisfazer uma necessidade física, procure um atleta. O corpo é a ferramenta do atleta de elite. Eles cuidam bem dele, sabem como forçar seus limites, blá-blá-blá. — Cora abre e fecha a mão esquerda para mim, me chamando de tagarela.

Mostro o dedo do meio pra ela.

— Mas sexo com alguém que você gosta é muito melhor. — O comentário vem de Hope, que namora D’Andre, do time de futebol americano, desde o primeiro ano de faculdade.

A Conquista | BETRIZ Where stories live. Discover now